Por Isabel Orellana
Vilches
MADRI, 19 de Março de
2013 (Zenit.org) - São
Pedro Crisólogo afirmou: “José foi um homem perfeito, possuidor de todo
gênero de virtudes”. Desnecessário, portanto, na data de hoje, procurar
qualquer outro modelo mais sublime para a vida espiritual do que o do Santo
Patriarca. Contamos apenas com os dados sumários que o Evangelho nos oferece a
respeito da sua gloriosa vida envolta em silêncio, mas, ao longo da tradição,
foram ressaltados matizes dele que nos chamam de modo especial à atenção.
Acham-se, em qualquer
santoral, referências proporcionadas por santos e santas cujas meditações nos
foram sendo transmitidas ao passarem os séculos. É o caso de Tomás de Aquino,
Gertrude, Vicente Ferrer, Bernardo, Brígida da Suécia, Francisco de Sales e
Bernardino de Sena. Em numerosas ocasiões, eles, e tantos outros, transportaram
para os seus escritos os frutos de sua reflexão e pregaram em seus sermões as
excelsas virtudes que o adornaram. São Bernardino de Sena proclamou num de
eles: “A norma geral que regula a concessão das graças singulares a uma
criatura racional determinada é que, quando a graça divina escolhe alguém para
lhe doar uma graça singular ou para colocá-lo em preferente situação, a esse
lhe concede todos aqueles carismas que são necessários para o ministério que
houver de desempenhar. Esta norma se verifica de modo excelente em São José,
pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do
universo e Senhora dos anjos. José foi escolhido pelo Pai eterno como protetor
e fiel guardião dos seus principais tesouros, seu Filho e sua Esposa, e cumpriu
seu encargo com insubornável fidelidade. Por isso, o Senhor lhe diz: ‘Servo bom
e fiel, entra no regozijo do teu Senhor’”.
Deste homem justo por
excelência, esposo virginal da Virgem Maria, custódio da Sagrada
Família, enalteceram-se à saciedade as incontáveis virtudes. Junto às
teologais, listam-se ainda, alçadas em sua santa vida, a fidelidade, a
inocência evangélica, a fortaleza, a docilidade, a prontidão, a pureza, a
generosidade, a prudência, a disponibilidade, a singeleza, a temperança, a
obediência, a pobreza, a humildade, a discrição, a justiça, a honestidade, a
diligência, a paciência, etc. Ele esteve adornado por todas, impossíveis,
portanto, de se condensarem. E hoje, como então, continuam mostrando a grandeza
deste pai e guardião da Igreja, advogado da boa morte, que viveu cada
instante do existir com inquebrantável adequação da sua vontade à divina,
indicando-nos o caminho que havemos de trilhar. Santo Afonso Maria de
Ligório cantou o trato familiar que ele teve com Jesus, ressaltando o que pôde
significar aquele eminentíssimo vínculo entre ambos para a santidade do pai,
que, durante um tempo, o acompanhou na terra: “José, durante aqueles
trinta anos, foi o melhor amigo, o companheiro de trabalho com quem Jesus
conversava e orava. José escutava as palavras de vida eterna de Jesus,
observava o seu exemplo de perfeita humildade, de paciência e de obediência,
aceitava sempre a ajuda serviçal de Jesus nos afazeres e nos deveres do
cotidiano. Por tudo isto, não podemos duvidar que, enquanto José viveu na
companhia de Jesus, cresceu tanto em méritos e santificação que sobrepujou
todos os santos”.
Os pontífices também
se comoveram com o exemplo do Santo Patriarca. João XXIII iniciava e
culminava a sua jornada pondo-se sempre ao seu amparo.Ele o proclamou
padroeiro do concílio Vaticano II.Paulo VI, em 19 de março de 1969, afirmou: “São
José é a prova de que, para sermos bons e autênticos seguidores de Cristo, não
necessitamos de ‘grandes coisas’, mas somente das virtudes comuns, humanas,
simples, que, porém, são verdadeiras e autênticas”. João Paulo II dedicou
a ele a exortação apostólica Redemptoris custos, de 15 de agosto de
1989. Nela, qualificava a “fé, sustentada pela oração”, como “o tesouro
mais valioso que São José nos transmite”. Por sua vez, Bento XVI reparou
em especial no seu silêncio. E assim, voltou-se aos fiéis em um dos seus
ângelus de 2005 dizendo:“Deixemo-nos invadir pelo silêncio de São José!”. Sisto
IV incluiu a festa de São José no calendário romano em torno de 1479. Pio
IX o proclamou padroeiro da Igreja universal em 1870. Leão XIII precisou os
fundamentos deste patrocínio em 15 de agosto de 1889, e Pio XII, em 1955,
determinou o dia 1º de maio como a festa de São José Operário.
Os
carmelitas sempre deram grande impulso à devoção a São José. Talvez por isso,
impregnada deste carisma que abraçara, a grande santa castelhana Teresa de
Jesus foi uma das suas maiores propagadoras. Agraciada por ele em grave
situação de doença, ela desde então o tomou por protetor e lhe pôs sob a tutela
as numerosas fundações que instituiu. Dizia Teresa: “Outros santos parece
que têm especial poder para solucionar certos problemas. Mas, a São José, Deus
concedeu um grande poder para ajudar em tudo”. “Parece que Jesus Cristo
quer demonstrar que, assim como São José o tratou tão sumamente bem sobre esta
terra, Ele agora lhe concede no céu tudo quanto pede para nós. Peço a todos que
façam a prova e hão de perceber quão vantajoso é ser devotos deste santo
Patriarca”. Durante quatro décadas, todos os anos, recorria a ele
pontualmente lhe solicitando “alguma graça ou favor especial”, e ele
sempre lhe atendia. Por isso, insistia: “Digo aos que me escutam que façam o
ensaio de rezar com fé a este grande santo, e verão que grandes frutos
conseguirão”.
Fernando
Rielo também infundiu nos filhos da sua congregação o amor por São José: “Tende
muita devoção a São José. Qualquer problema, qualquer coisa: bens materiais e
bens espirituais, especialmente a santidade […]. Pedi-lhe a conversão da
humanidade, suplicai-lhe a santidade da Igreja, rogai-lhe a comunhão de todos
os cristãos”.