Só ler um pouco da literatura de todos os tempos para se convencer. Só contemplar os grandes palácios de ontem com o shopings de hoje para ver que a beleza teve sempre valor. Ao ponto que os grandes, preocupados com a possibilidade de desaparecer depois de morto, enquanto estavam vivos, construíram os próprios túmulos e monumentos se auto-divinizando. Nestes dias, não sei porque, o evangelho de Mateus 6 me está perturbando a consciência com maior insistência. Toca em profundidade o meu eu e me obriga a parar. Pode ser que no meu subconsciente busque as aparências e não a realidade. O que não vale e não o que vale. “O corpo não vale mais do que o vestido?... E por que vos preocupais com as vestes? Observai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. Mas eu vos digo que nem Salomão com toda a sua glória se vestiu como um deles.”(Mt 6, 25.28-29)
Jesus nos questiona para que não nos deixemos invadir pela corporeidade esquecendo os valores mais importantes que devem estar sempre diante dos nossos olhos. Porém não podemos nos esquecer que o corpo não pode ser visto como inimigo da santidade, mas como nosso aliado no caminho que nos leva para Deus. A experiência de Deus não acontece fora do corpo e nem depois da morte, mas enquanto estamos vivos e andando por este mundo tão bonito que Deus nos proporcionou para vivermos a alegria da existencialidade. O que devemos questionar é a idolatria do corpo que leva os seres humanos a uma verdadeira loucura para que ele, o corpo, apareça numa forma atraente e bem harmoniosa, todo etiquetado de firmas famosas dos que se chamam estilistas.
A loucura pelo corpo provoca tantos males que não tem como não vê-los. É necessário voltar à sacramentalidade do corpo, considerando-o como templo vivo do Espírito Santo. Sacramento e santuário do Deus vivo que deve ser amado porque nele está o melhor de nós.
Toda agressão ao corpo será sempre um pecado que grita contra Deus, seja por excesso de cuidados ou seja por defeito de cuidado. Jesus, deixando-nos o seu corpo como alimento, nos faz compreender como seja importante o corpo, que é vida e deve dar a vida.
Para um número cada vez mas crescente, o vestido vale mais que o corpo, é preciso reverter esta tendência e voltar a ver o corpo como mais importante. Sermos pessoas que acreditam que não é o vestido que Deus fez, mas o corpo humano, à sua imagem e semelhança; procurarmos viver sempre numa atitude de respeito para o nosso corpo e o corpo dos outros. O corpo não é objeto, é vida e a vida sempre deve ser defendida, amada e respeitada.












