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LITURGIA DAS HORAS ON -LINE
domingo, 26 de dezembro de 2021
Sagrada Família de Nazaré – Reflexo perfeito da Família Trinitária.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
A SANTA MEDALHA MILAGROSA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS: o Simbolismo mariológico e teológico nela contido.
Maria aparece a Santa Catarina Labouré, com sinais claros de que era Imaculada e estava no Céu em corpo e alma.
Sua túnica e véu brancos são sinais de sua pureza alvíssima.
Seu manto azul celeste denota sua inigualável bem-aventurança acima de todos os Anjos e Santos juntos.
Suas vestes faziam um som de "fru-fru" (como a própria Santa testemunhou) quando Maria se mexia, sinal que Ela é um ser corpóreo, não apenas espiritual. Está no Céu, verdadeiramente, em corpo e alma.
2. Maria é a Vencedora do Inferno, bem como de todas suas artimanhas, armadilhas, heresias e planos para tentar destruir a Igreja e a salvação das almas:
Seus pés que pisam e esmagam a cabeça da serpente infernal. A serpente é símbolo bíblico do demônio, inimigo de Deus. É imagem e sinal do mal e do pecado, que procuram e, muitas vezes, conseguem, devido ao livre arbítrio humano, deformarem e até destruírem as almas, feitas para serem imagens e semelhanças de Deus, suas filhas por adoção e herdeiras do Céu .
Maria é vencedora contra o demônio e todo o inferno. Ela, sozinha, por ser Imaculada e porque, durante toda a vida, batalhou contra a antiga serpente, com suas orações, jejuns e sacrifícios, venceu todo o inferno. Disso dão testemunho santos doutores da Igreja e santos devotíssimos de Maria, como: Santo Afonso Maria de Ligório, São Bernardo de Claraval, São Cirilo de Alexandria, São Boaventura ou São Luís Maria Grignion de Montfort.
Maria não precisava fazer jejuns ou sacrifícios para si, para sua "cura interior", pois, era Imaculada, mas, à semelhança do Cristo, seu Filho, quis sofrer por nós, seus filhos e filhas adotivos e entregues na Cruz por Jesus.
Assim, Ela tem sim especial poder, dado por Deus, de esmagar a cabeça (fonte dos pensamentos, dos planos e da vontade) da serpente diabólica, para tolher-lhe, o máximo que pode, suas maldades e planos malignos. Mas, Ela também precisa de nós. Precisa de nosso assentimento, de nossa colaboração. Por isso que em quase todas as suas aparições nos faz a súplica: "rezem, rezem e rezem"; "façam penitências e ofereçam a Deus sacrifícios por seus pecados e pelos do mundo inteiro"...
3. Maria é nossa Intercessora perante o Mediador Universal, seu Filho, Deus-Homem verdadeiro.
A própria oração da medalha, que circunda a Virgem, denotam o caráter e missão intercessória de Maria.
Devemos ter profunda confiança no poder de súplica de Maria, pois, como provou em Caná da Galileia, tudo pode alcançar de seu Filho Jesus.
Maria está de pé sobre um globo, sinal de que, como criatura perfeitíssima e cheia de Graça, está acima tudo que foi criado, abaixo, somente, da Humanidade Santíssima da Pessoa Divina de Jesus.
Os raios multicores e belíssimos que emanavam dos vários anéis que a Virgem trazia nas mãos, raios que se espargiam sobre o globo, são sinais das graças, das muitas graças que Ela pode e quer nos alcançar de seu Filho, Ela, por meio da qual nos veio a própria Graça, Jesus Cristo.
4. Maria, como Mãe de Deus, é sua principal cooperadora na Redenção humana.
No verso da medalha, contemplamos de imediato um "M" encimado por uma cruz. O "M" simboliza Maria e a Cruz, seu Filho Jesus. Notem que o "M" e a cruz estão "entrelaçados", isto é , unidos. A Cruz (Jesus Cristo) é, obviamente, superior à Virgem Maria, mas, Ela, por ser sua Mãe é perfeitamente consanguínea a Ele, em sua natureza humana, pois, Jesus recebeu completamente, todo o seu "material genético, com uma única diferença: Jesus é masculino, portanto, podemos dizer, um "clone" masculino de Maria. Assim, pela através de suas naturezas humanas, Mãe e Filho foram e são plenamente unidos, uma "só carne", com união, inclusive, por meio de um laço fortíssimo de puro Amor entre suas duas Santíssimas Almas.
Também a medalha traz os Sagrados Corações de Jesus e de Maria lado a lado. Claro que o Coração de Jesus é muitíssimo superior em honra e glória ao Coração de Maria, porém, convém que a Mãe do Rei esteja ao lado de seu amado Filho, pois, como dissemos acima, um amor incomensurável os une eternamente no Céu.
5. Maria é a Mãe e Rainha da Igreja, Corpo Mistico de Cristo.
As doze estrelas que circundam o verso da medalha são de grande simbolismo, tanto devocional quanto bíblico. Devocionalmente, poderíamos atribuir-lhe o significado de serem suas principais virtudes:
1. Amor (a Deus e ao próximo) imensurável.
2. Profunda humildade.
3. Desapêgo total de si mesma.
4. Espírito de pobreza.
5. Pureza imaculada, sem o menor traço de defeito ou corrupção.
6. Modéstia angelical, tanto interiormente, quanto exteriormente.
6. Paz interior inabalável.
7. Fortaleza invencível, mesmo nas mais intensas provações e sofrimentos.
8. Sabedoria e Prudência em tudo que fez e faz.
9. Temperança em todos os seus atos e gestos.
10. Profunda confiança e abandono à vontade de Deus.
11. Obediência completa e "cega" à vontade de Deus em sua vida.
12. Contínuo espírito de serviço a Deus e ao seu Reino.
Mas, a Sagrada Escritura, em Apocalipse no capítulo 12, versículo 1, também cita a coroa da Mulher vestida de sol: "Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas".
Maria, certamente, é essa Mulher, mostrada a São João Evangelista, coroada de estrelas.
O número 12 é bem significativo das Sagradas Escrituras: 12 são as tribos de Israel. Também são 12 os Apóstolos, colunas da Igreja.
Maria é, portanto, por ser a Mãe de Jesus, a principal Filha de Israel (povo de Deus eleito) e a principal Filha da Igreja (novo povo de Deus, redimido por Cristo na Cruz), sua Mãe (porque a Igreja é o Corpo Místico de Cristo) e sua Rainha e Senhora. Portanto, as doze estrelas, biblicamente falando, apontam para Maria como aquela que, por ter sido a mais perfeita, santa e fiel de todas as criaturas, se torna, pelos laços que A unem a Cristo (já descritos acima), centro do Antigo Testamento e, também, por continuidade, centro do Novo Testamento.
Espero e rogo a Deus que tudo isso que for escrito ajude a quem ler a olhar para a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças com um novo olhar. Não como um mero "amuleto" ou "talismã", coisa que em absoluto ela é, mas, como um símbolo mariano riquíssimo e significativo, um verdadeiro "livro" de pura doutrina católica e mariológica.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
Congresso Interprovincial em honra a São José
Entre os dias 9 e 15 de outubro deste ano de São José, proclamado pelo Papa Francisco,
ocorreu o I Congresso Interprovincial do Carmelo Descalço no Brasil, com o tema “São José:
entre o silêncio e a ação”. O evento aconteceu no formato virtual, através da plataforma do youtube.
Organizado pelas duas Províncias do Carmelo Descalço no Brasil. O evento foi gratuito,
sendo transmitido pelos canais da OCDS.
Este Congresso foi um grande momento de confraternização e formação para a família Teresiana no Brasil, envolvendo, com entusiasmo, os três ramos (frades, monjas e seculares) das duas Províncias brasileiras: São José e Nossa Senhora do Carmo.
| Frei Everton, OCD (Provincial da Província Nossa Senhora do Carmo) |
| Rose Lemos (Provincial OCDS da Província São José) |
| Irmã Bernadete (Carmelo Santa Teresinha de Fortaleza) |
| Hederson e Maciel (Grupo Divino Esmoler) |
| Edilson Silva (Comunidade São José) |
| Paulo Sergio (Comunidade Santa Teresa de Jesus) |
| Padre Antônio Bertolin |
| Estela da Paz e Frei César Cardoso |
| Carlos Vargas e Esposa |
| Frei Patrício Sciadinni |
| Luciano Dídimo, OCDS |
| Lucio |
| Irmã Sheron, OCD. |
| Frei Rafael, OCD. |
Romário e Gilcivânia, OCDS.
Este Congresso Interprovincial em homenagem a São José marcou, em uma perspectiva teresiana, os 150 anos da proclamação de São José como Patrono da Igreja Católica. Esperamos que esse evento grandioso frutifique espiritualmente para o bem de todo o Povo de Deus, colaborando para aumentar o amor a São José e a comunhão fraterna na família carmelitana brasileira nos três ramos: frades, monjas e seculares.
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
SÃO JOÃO DA CRUZ, o Santo Padre do Carmelo Teresiano.
SOLENIDADE DE SÃO JOÃO DA CRUZ, DOUTOR DA IGREJA E NOSSO PAI - 14 de dezembro de 2021.
“Dos Romances Trinitários e Cristológicos”
Entre os místicos e encantadores poemas de São
João da Cruz “Romances Trinitários e Cristológicos”, encontra sua profundidade no mistério central da fé e da vida cristã, o mistério
da Santíssima Trindade. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé
e a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na
«hierarquia das verdades da fé» (cf. CEC 234). A respeito da Santíssima
trindade, dirá, ainda, S. J. da Cruz em outros escritos: "Não seria verdadeira e total transformação se não se
transformasse a alma nas três Pessoas em revelado e manifesto grau" (C 39,3). "Cristo disse que em quem amasse, viriam o Pai, o Filho e o
Espírito Santo fazer sua morada" (Ch. Pról. 1,15. 2). "(A Santíssima Trindade) condições de uma alma examinada em afetos da
inabitação" (Ch 1,15ss); e explica que a inabitação
da Santíssima Trindade “significa para a alma ter o entendimento divinamente
ilustrado na sabedoria do Filho, a vontade inebriada de deleite no Espírito
Santo, absorvendo-a o Pai, forte e poderosamente, no abraço e abismo de
sua doçura" (Ch 1,15).
Meditados ao longo da novena deste ano de 2021, este poema nos permitiu ser conduzidos, além de adentrar no profundo Mistério do Deus Trindade, a também nos preparar para celebrar a Festa da Encarnação e do Nascimento do Verbo de Deus feito Homem, o Natal do Senhor. O cerne da espiritualidade Trinitária contida no início do Evangelho de São João: “In Principio Erat Verbum”, trazido a nós através deste poema de S. J. Cruz nos remete, como diz o santo em Cântico, à compreensão de que "o Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, essencial e presencialmente está escondido no íntimo ser da alma" (C 1,6); portanto, compreendemos que a Trindade encontra na doutrina são-joanista e teresiana o ponto central de sua mística, pois ao encontrar-se Nela, dirá S. João da Cruz: "A alma se faz deiforme e Deus por participação, e assim a alma tem obrada sua obra de entendimento, notícia e de amor na Trindade e como a Trindade" (C 4-6), pois, "A Santíssima Trindade é luz e fogo de amor na alma" (Ch 3,80 ss).
“Procedia tão silenciosamente”
Frei João da Cruz na prisão (1577
- 1578) - Chegou frei João da Cruz, em meados de dezembro no convento
do Carmelo de Toledo - de 1576, o melhor que a Ordem possui em Castela e
habitado por quase oitenta religiosos. Trouxeram-no de noite e com os olhos
vendados, para que não conhecesse o caminho nem o lugar. Apresenta-se ao
visitador geral, frei Jerônimo Tostado que dera ordens ao prior de Toledo,
padre Maldonado, para que o prendesse e trouxesse à sua presença. A notícia da
chegada de frei João da Cruz corre veloz pelo convento e muitos frades acodem
para o ver e recriminá-lo. O jovem descalço permanece mudo e imutável, «procedia
tão silenciosamente que os Padres Mitigados lhe chamavam “lima surda”, cf,
relatos de Irmã Maria do Sacramento, que cuidou do Santo em Caravaca. O seu
aspecto é digno de lástima: pequeno, consumido já antes de ser preso, agora,
após os açoites que recebeu em Ávila, os castigos e a longa e dolorosa viagem,
parece perdido dentro do hábito de calçado que, violentamente, foi obrigado a
vestir.
S. João da Cruz, porém, sabe o que deve fazer e permanece imutável. Em primeiro lugar, não podem recair sobre ele os castigos com que são ameaçados os Descalços de Granada, Sevilha e la Peñuela, conventos fundados sem a autorização do geral, os únicos que o capítulo declara em rebeldia, se os seus religiosos não abandonarem esses conventos e regressarem à Observância. Talvez seja acusado de incorrer no mesmo castigo por viver fora do convento, na pequena casa da Encarnação. Entra, então, frei João, sem capuz nem escapulário, em sinal de castigo pela sua rebeldia, em dia de pleno inverno. Consigo, leva apenas o breviário. Muito cedo começará a sentir os efeitos das duras geadas toledanas que, um ano atrás, tanto tinham impressionado a madre Teresa, e verá os dedos dos seus pés gretados pelo frio. Aqui permanecerá durante nove meses, incomunicável, faminto, num ambiente repugnante, consumindo-se cada vez mais na miséria, sem outro raio de luz senão a que penetra pela pequena abertura do teto do cárcere.
Noites
intermináveis
Frei
João passa os dias e as noites intermináveis, sozinho, na escuridão da sua
pequena cela. Não tem roupa para mudar. Quando, quatro ou cinco meses depois,
chegam os calores asfixiantes do verão toledano, a prisão torna-se
insuportável; o pobre descalço é atormentado, ao mesmo tempo, pela fome, pelo
calor e pelos insetos. A túnica interior que vestia no dia da entrada e que não
lhe permitem lavar ou mudar, vai apodrecendo aos poucos no seu corpo. Uma
terrível preocupação vem agravar a sua angústia.
Em meados de agosto; frei João deve sentir-se asfixiar naqueles calores tórridos toledanos. Ao meio dia, hora em que pode debruçar-se na janela que dá para o Tejo, os rochedos da margem oposta do rio devem ressumbrar fogo, e o castelo de Servando parece, na cor ocarina dos seus muros e torreões, ficar incandescente. No dia 14, véspera da Assunção de Nossa Senhora, frei João, de joelhos e com o rosto por terra, reza de costas para a porta fechada da sua prisão. O padre prior, frei Maldonado, abre a porta e entra, mas frei João permanece imutável. «Por que não vos levantais vindo eu visitar-vos?», pergunta-lhe o prior. O prisioneiro faz um esforço, levanta-se e, humildemente, desculpa-se: «Pensava que era o carcereiro»; por outro lado, o seu estado de fraqueza não lhe permite levantar-se imediatamente; além disso, estava distraído. «Em que estáveis pensando agora?», replica o prelado. «Em que amanhã é o dia de Nossa Senhora e eu gostava muito de celebrar a Missa», responde frei João. «Nunca, nos meus dias», responde bruscamente o padre Maldonado que sai, fechando a porta atrás de si.
Insensibilidade
e incompreensão dos seus irmãos
Frei
João não guarda o menor ressentimento no seu coração; sofre, com certeza, pela
insensibilidade e incompreensão dos seus irmãos, mas desculpa-os. O carcereiro,
testemunha das suas amarguras de alma e de corpo, nunca o ouve queixar-se e,
mais tarde, liberto já do seu terrível encerramento, quando frei João descreve
todos os episódios dos nove meses de prisão, jamais alguém lhe ouviu uma
palavra de queixa contra os seus perseguidores; até os defende dizendo que
«faziam aquilo por pensarem estar na verdade». Porém, está convencido de que
tem de fugir, disposto a morrer na sua aventura, se for essa a vontade de Deus
- «Entregou a Nosso Senhor este seu negócio (da fuga) com todas as veras, tal
como o fazia todos os dias e pedindo que, se era da sua vontade, que ali
terminasse a sua vida, que ele abraçaria aquele cálice de boa vontade e que. se fosse servido noutra coisa, lho
manifestasse», cf. declaração do frei Inocêncio de S. André.
Na
oração, sente o impulso interior que o arrasta para a fuga, convencido que o
Senhor e Nossa Senhora o vão ajudar e toma essa decisão. Estamos nos dias da
oitava da festa da Assunção. Frei João tem tudo preparado: desfez as mantas em
tiras, atou-as e coseu-as nas pontas umas às outras e 'tem em sua mão o gancho
de ferro da candeia que lhe emprestou o carcereiro num dos últimos dias. Já é
de noite: uma noite de luar límpido. O carcereiro leva-lhe o jantar, mas esqueceu-se
da água. Enquanto a vai buscar, frei João aproveita essa pequena ausência para,
tendo a porta aberta, desapertar as armelas do cadeado; terminada a refeição, o
guarda fecha a porta sem reparar em qualquer coisa de novo e vai-se embora. Não
conhecia a cidade de Toledo, ignora-se o itinerário de frei João.
Após a fuga, frei João chega ao mosteiro de S. José, ao vê-lo, as monjas ficam assustadas. Frei João manifesta à priora o seu medo de que os Calçados possam chegar de um momento para outro à sua procura, e ela toma as devidas precauções, de colocar outra irmã na roda que saiba guardar segredo da chegada do fugitivo, com maior sigilo do que Leonor de Jesus, jovem ingênua e inexperiente, e nomeia a irmã Isabel de S. Jerônimo. Pouco tempo depois, aparecem dois frades do Carmo perguntando, muito discretamente, por um padre da Ordem, chamado frei João da Cruz. Isabel de S. Jerônimo evita uma resposta direta: “Maravilha será que possam encontrar algum religioso”. Os frades pedem as chaves do locutório e da igreja, examinam tudo minuciosamente e vão-se embora sem dizer palavra. Entretanto, frei João, dentro da clausura e rodeado pelas monjas que o contemplam com assombro, vai contando, com voz muito sumida, os episódios do cárcere e da fuga que elas, por sua vez, contarão depois nos processos. Está lá até ao meio dia.
“Falava coisas sublimes de Nosso Senhor”
As monjas presenteiam-no quanto podem. Incapaz de suportar alimentos mais fortes, pelo estado de extrema fraqueza em que se encontra, após nove meses a pão, água e sardinhas, a irmã enfermeira, Teresa da Conceição, oferece-lhe umas peras assadas com canela. Outras limpam o hábito e, entretanto, ele veste uma batina velha do capelão do convento. Por volta do meio dia, terminada a hora das missas e fechada a porta da Igreja, frei João sai por uma pequena porta interior que dá para a Igreja, e ali passa a tarde. Ele, da parte de fora das grades do coro e as monjas da parte interior, vai recitando os poemas que escrevera na prisão. A voz quase imperceptível do santinho de frei João, como lhe chama a madre Teresa, ecoa no silêncio e na penumbra do recinto sagrado, como um murmúrio dos anjos. Declara Irmã Constança da Cruz: «O Santo estava conosco, atrás da grade da igreja e falava coisas sublimes de Nosso Senhor e de uma obra que tinha feito, na prisão, em honra da Santíssima Trindade; era um gozo do céu ouvi-lo». Eis o murmúrio dos anjos:
No princípio morava
O Verbo e em Deus vivia
E naquele amor imenso
Que de ambos procedia,
Nele sua felicidade
Infinita possuía.
O mesmo Verbo Deus era,
E o princípio se dizia.
Ele morava no princípio
e princípio não havia.
Palavras de grande gozo
O Padre ao Filho dizia,
De tão profundo deleite,
Que ninguém as entendia;
Somente o Filho as gozava
Pois a Ele pertencia.
Enquanto
frei João recita, lentamente, os versos, uma religiosa vai anotando-os.
Declara a Irmã Isabel de Jesus Maria: «Lembro-me também que, aquele tempo que o
tivemos escondido na igreja, recitou umas poesias que trazia de memória e uma
religiosa as ia escrevendo... ele mesmo as tinha feito... São três e todas
falam da Santíssima Trindade..., e começam: «No princípio morava — o Verbo, e
em Deus vivia...» - « Isto aconteceu,
quando eu era noviça em Toledo». Mais tarde, as monjas vão dizer que «era
uma alegria do céu ouvi-lo» - declara Irmã Constança da Cruz.
SANTO PADRE JOÃO DA CRUZ,
intercedei por nós!
Estela
da Paz.
(Estela
Maria Teresa de Jesus, OCDS)
Comissão
de História
Comissão
de Espiritualidade
Ref.:
JESUS
SACRAMENTADO, CRISÓGONO DE. Carmelita Descalço. EDIÇÕES CARMELO. OEIRAS, Angola,
6.
Obras Completas de São João da Cruz, Editora vozes.
Petrópolis/RJ.
Catecismo da Igreja Católica.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
9º DIA - NOVENA DE SÃO JOÃO DA CRUZ
9º DIA - NOVENA DE SÃO JOÃO DA CRUZ - 2021.
Tema: Romances Trinitários e Cristológicos de São João da Cruz.
Lema: “No princípio era o Verbo” (Jo 1,1)
* * * * * *
ORAÇÃO INICIAL: (Todos os dias)
Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, dai-nos a graça de mergulhar com profundidade no vosso mistério de amor, ensinai-nos a redescobrir o valor de nosso batismo e de nossa vocação ao Carmelo, a partir de uma vida carismática comprometida mediante a doutrina sãojoanista-teresiana, para assim nos colocarmos “de volta ao essencial” de nosso carisma, tanto na vida pessoal, quanto na vida comunitária. Tudo isto vos pedimos por intercessão do santo padre João da Cruz.
São João da Cruz, rogai por nós!
* * * * * *
9º Dia - 13/12/2021: “Seguindo a unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Virtude a praticar: A concórdia.
Meditação:
DOS ROMANCES TRINITÁRIOS E CRISTOLÓGICOS - S. J. Cruz.
Romance 9º: Do Nascimento.
Quando foi chegado o tempo/ Em que de nascer havia,/ Assim como o desposado,/ Do seu tálamo saía/ Abraçado à sua esposa,/ Que em seus braços a trazia;/ Ao qual a bendita Mãe/ Em um presépio poria/ Entre pobres animais/ Que então por ali havia.
Os homens davam cantares,/ Os anjos a melodia,/ Festejando o desposório/ Que entre aqueles dois havia./ Deus, porém, no presépio/ Ali chorava e gemia;/ Eram jóias que a esposa/ Ao desposório trazia;/ E a Mãe se assombrava/ Da troca que ali se via:/ O pranto do homem em Deus,/ E no homem a alegria;/ Coisas que num e no outro/ Tão diferente ser soía./ Finis.
Doutrina Católica:
No anúncio do Evangelho e em todas as formas da missão cristã, não se pode prescindir desta unidade à qual Jesus chama, entre nós, seguindo a unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo: não se pode prescindir desta unidade. A beleza do Evangelho deve ser vivida – a unidade - e testemunhada na concórdia entre nós, que somos tão diferentes! E ouso dizer que esta unidade é essencial para o cristão: não se trata de uma atitude, de um modo de dizer, não, é essencial, pois é a unidade que nasce do amor, da misericórdia de Deus, da justificação de Jesus Cristo e da presença do Espírito Santo no nosso coração. (Papa Francisco, 2021)
Meditação Bíblica:
“Naqueles tempos, apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Esse recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”.(Lc 2, 1-7)
Propósito pessoal do dia: (.........)
* * * * * *
Oração final (Todos os dias):
LADAINHA DE SÃO JOÃO DA CRUZ
Senhor, tende piedade de nós!
Jesus Cristo, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
Jesus Cristo, ouvi-nos!
Jesus Cristo, atendei-nos!
Deus Pai do Céu, tende piedade de nós!
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós!
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós!
Ssma. Trindade que sois Um só Deus, tende piedade de nós!
Nossa Senhora do Monte Carmelo, rogai por nós!
São José, patrono do Carmelo, rogai por nós!
Santa Madre Teresa de Jesus, rogai por nós!
São João da Cruz, nosso pai, rogai por nós!
Doutor Místico, rogai...
Cantor dos Amores de Deus,
Pai do Carmelo Descalço,
Modelo de Carmelita,
Sacerdote de Deus Altíssimo,
Serafim de piedade,
Mártir de amor,
Mestre de espiritualidade,
Imagem do Cristo Sofredor,
Santo da oração e penitência,
Santo da desnudez espiritual,
Santo do despojamento,
Glória da Santa Igreja,
Glória da Espanha,
São João da Cruz obedientíssimo,
São João da Cruz casto e pobre,
São João da Cruz pacientíssimo,
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo (3x)
Perdoai-nos, Senhor!
Ouvi-nos, Senhor!
Tende piedade de nós!
V - Rogai por nós, Santo Pai São João da Cruz!
R - Para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Oremos:
Ó Deus, que inspirastes ao presbítero São João da Cruz, nosso pai, extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
**********
Estela da Paz, OCDS.
Comissão de Espiritualidade.
Ref.:
DOS ROMANCES TRINITÁRIOS E CRISTOLÓGICOS - S. J. Cruz. (Toledo, cárcere - 1578)
Bíblia Sagrada.
Conclusão do “Ano da Fé”. 30 de junho do ano de 1968. PP. Paulo XVI.
ANGELUS. Solenidade da Santíssima Trindade. 7/06/2009. PP. Bento XVI.
ANGELUS. Solenidade da Santíssima Trindade, 30/05/2021. PP. Francisco.