ANO SANTO DE SÃO JOSÉ (2020-2021)
É Festa no Céu, na Igreja e no Carmelo!
História de São José no Carmelo
“Com
coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como
«o filho de José». Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto
espaço no magistério pontifício como José, seu esposo”. (PP.
Francisco, Patris Corde) “A devoção a São José no Carmelo foi desde o
início, marcada pelo culto litúrgico, que se desenvolveu até os nossos dias com
uma impostação também eucarística na devoção a São José, apresentando-o como
aquele que tem na mão o pão da salvação, nosso alimento”. (Carta à
família Carmelitana)
É Festa no Céu, na Igreja e no Carmelo!
Neste dia da Solenidade de São José, com alegria e louvor a Deus, queremos
agradecer por nos ter concedido tão casto patrono e intercessor, celebrando com
fé e amor, esperança e unidade o Ano Santo a ele dedicado. O Papa Francisco
partilhou conosco da “abundância do seu coração” (Mt 12,34), “algumas
reflexões pessoais” sobre a figura extraordinária de São José, que se apresenta
sempre “tão próxima da condição humana de cada um de nós”, através de sua Carta
Apostólica (08/12/2020). Sabemos que “a grandeza de São José consiste no
fato de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus”. E, que “para os
Carmelitas o interesse pela figura de São José foi um desenvolvimento natural
da inspiração mariana da Ordem... Devoção que no Carmelo remonta ao início de
sua história, marcada pelo culto litúrgico, que se desenvolveu até os nossos
dias com uma impostação também eucarística”.
Nossa proposta aqui será analisarmos a História de São José no Carmelo, tomando por base a Carta dos Superiores à
Família Carmelitana em 2020, e avançando nos detalhes, auxiliados obviamente
pelas imperativas e interpelativas palavras da Santa Madre Teresa de Jesus,
para assim darmos força e empenho à nossa devoção ao Glorioso pai e patrono do
Carmelo, que ao lado da Bem-Aventurada Virgem Maria, nossa Mãe, Irmã e Rainha,
honra e bendiz ao seu Divino Filho, e intercede por nós.
Autores antigos consideraram que o culto a São José na Igreja América Latina teria originado dos eremitas Carmelitas que para cá imigraram. Esta convicção atualmente contestada, foi expressa também pelo papa Bento XIV que faz remontar a prática do culto litúrgico em honra a São José ao Carmelo.
DEVOÇÃO
A SÃO JOSÉ COMPROVADA NA LITURGIA CARMELITA
SÉCULOS
XIV E XV
"Quisera eu persuadir a todos a serem
devotos deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que
alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe
presta particulares favores, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque
aproveita de grande modo às almas que a ele se encomendam". (Vida 6,7)

A devoção a São José no Carmelo foi
desde o início, marcada pelo culto litúrgico, que se desenvolveu até os nossos dias
com uma impostação também eucarística na devoção a São José, apresentando-o
como aquele que tem na mão o pão da salvação, nosso alimento. Sem uma precisão
exata do início das celebrações da festa de São José nas igrejas carmelitanas,
apenas a probabilidade de já serem celebradas durante o século XIV, ainda que
em caráter local. Sabe-se que já no século XV a devoção de São José já estava
mais difundida. Inclusive, se tem notícias de que nos breviários e Missais
Carmelitanos da segunda metade do século XV, aparecem normalmente a Missa e Ofício
próprios de São José e o carmelita flamingo Arnoldo Bostio (em 1476) -
testemunhando que os Carmelitas celebram sua festa com culto solene.
Os historiadores e liturgistas
consideram como o primeiro monumento na Igreja Latina em honra de São José a
liturgia própria da Ordem Carmelitana. A liturgia antiga celebrava São José como:
São
José, o primeiro a ser escolhido pela Divina Providência.
Entre seus contemporâneos em Nazaré, José foi escolhido para esposo da Virgem,
a fim de que o Filho de Deus pudesse entrar no mundo de forma honrada e
escondida. O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da
contemplação – 5 sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria
concebeu o Verbo no seu seio por obra do Espírito Santo, assim São José por
obra do Espírito Santo concebeu na contemplação o Cristo na sua alma,
tornando-se pai de Jesus sobre esta
terra.
São
José, protetor da virgindade de Maria. A liturgia celebrava
também a união nupcial de José com a Virgem e o contemplava como protetor de
sua virgindade e da vida do Filho de Deus encarnado. Com a sensibilidade típica
do carisma contemplativo do Carmelo, a liturgia daquele tempo celebrava a
pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a Deus, que torna
possível a acolhida do mistério da Encarnação.
São
José, esposo virginal de Maria. Unido à Virgem Maria
com um matrimônio verdadeiro, no qual a sua autoridade de esposo, protetor e
pai manifesta-se no total serviço a ela.
São
José, contemplado por sua obediência. Por sua obediência a
Deus, José foi admirado por ser um homem justo, o digno senhor da casa do seu
Senhor a quem foi confiada a responsabilidade de dar o nome divino revelado
pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo, São José é quem por primeiro
proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva!
São
José, espelho da vida mística do Carmelo. Em São José,
o Carmelo encontra um compêndio de sua espiritualidade: A pureza de coração (puritas
cordis) que torna possível a visão de Deus; a união com Maria; e a fruição da vida mística apresentada em
termos de concebimento e nascimento do Verbo Encarnado na alma pura. Por isso,
São José é celebrado como o espelho da vida mística carmelitana em Deus.
DEVOÇÃO
A SÃO JOSÉ, A PARTIR DE SANTA TERESA
SÉCULO
XVI
O encontro de Santa Teresa com São
José ocorreu num dos períodos mais difíceis de sua vida, por volta dos 25 anos
de idade, em sofreu uma longa e penosa enfermidade que permaneceu paralisada e
esgotada, física e psicologicamente.
"É coisa de espantar os grandes
merecimentos que Deus me têm feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos
perigos de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma. A outros santos
parece ter dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso
Santo tenho experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender
que, assim como lhe foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora
sendo apoio, O podia mandar -, assim no Céu faz quanto Lhe pede". ( Vida
6,6)
Santa Teresa de Jesus ampliará esta
tradição trazendo um grande proveito para todo o Carmelo e para a Igreja
universal. Por isso se afirma que ser ela a “herdeira de um culto intenso e da devoção josefina
do Carmelo”. É inegável que
mais do que nenhum outro Teresa de Jesus fez do culto a São José um dos
elementos característicos da piedade e da fisionomia espiritual do Carmelo.
São
José e Santo Elias. Presença de São José na vida de Teresa
e em sua atividade de fundadora dos Carmelos reformados ao lado da figura
tradicional do santo Pai Elias coloca-se agora o Santo Pai José.
São
José e Santo Elias. Em carta ao P. Gracián, a
respeito do nome
que os Carmelitas Descalços
deveriam dar a
um convento que
estavam fundando em Salamanca,
escreve: “Seria muito justo
dar a este
convento o nome
de São José”
(carta de 22 de
maio de 1578);
mas o convento
será intitulado Santo
Elias.
SÃO
JOSÉ É PRECEDIDO APENAS POR NOSSA SENHORA
SÉCULO
XVII
Mais tarde esta incerteza aparece
definitivamente resolvida. Na Instrução aos noviços (1605) do P. João de Jesus
Maria, a veneração a São José é precedida somente pelo culto à Virgem Maria e é
seguida pela devoção aos
santos profetas Elias
e Eliseu, “fundadores
da nossa Ordem” (Instrução aos noviços, III, cap. 4,
29-30).
FESTA
DO PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ NO CARMELO
SÉCULO
XVII E XVIII
São
José é declarado “patrono principal” da Ordem em 1628.
O
Capítulo Geral intermediário dos Carmelitas Descalços da Congregação Espanhola havia
declarado São José “patrono principal” da Ordem.
- Festa
do Patrocínio de São José (1625-1700). A
iniciativa deve-se ao Carmelita Descalço Juan de la Concepción, que antes fora Provincial da Província da Catalunha e depois Prepósito
Geral da Congregação espanhola.
- Festa
do Patrocínio, aprovada no Capitulo Geral de 1679.
- Os
textos litúrgicos foram elaborados, entre 1642-1718.
Por outro padre Carmelita Descalço catalão, o P. Juan de San José.
- Festa
do Patrocínio de São José, reelaboração litúrgica, em 06/04/1680 – 3º
Domingo da Páscoa. A Congregação dos Ritos aprovou a reelaboração dos
textos litúrgicos da Festa do Patrocínio. A mesma ficou estabelecida para
o terceiro domingo depois da Páscoa, dia em que normalmente eram
convocados os Capítulos Gerais e provinciais.
- Primeiro
Histórico de São José, em 1723. Rafael, o
Bávaro, publicou uma História de São José. O P. Rafael exorta àqueles que
amam Jesus e Maria a amar quem pelos dois é amado.
- Propagação
do Patrocínio de São José. A propagação do
Patrocínio de são José deveu-se ao Mestre P. José Maria Sardi, não somente
na Ordem, mas também para os cristãos, que encontram nele um modelo de
santidade. Invocado no Carmelo como educator optime e proposto como
protetor e patrono, especialmente para aqueles que se sentem cansados,
estacionados ou mesmo perdidos no seguimento a Cristo.
PATROCÍNIO
DE SÃO JOSÉ NA IGREJA
SÉCULO
XIX
APÓS
O CONCÍLIO VATICANO I, O PP. PIO IX ESTENDEU À IGREJA
Patrocínio
de São José na Igreja. A 10 de setembro de 1847, com o
decreto da Congregação dos Ritos
Inclytus Patriarcha Joseph, o papa
Pio IX, em tempos de fortes tribulações, estendeu para toda a Igreja a festa do
Patrocínio de São José, a ser
celebrada no terceiro domingo de Páscoa.
Os
textos litúrgicos para a Missa e o Ofício foram
adotados os que eram utilizados pelos Carmelitas, feitas algumas adaptações.
Esta foi a primeira intervenção em favor do culto a São José por Pio IX, quando
apenas havia passado um ano do início do seu pontificado, o qual foi
caracterizado por uma grande devoção ao pai de Jesus. Por ocasião da convocação
do Concílio Vaticano I, chegaram ao papa numerosos pedidos para que se
aprimorasse ainda mais o culto a São José,
particularmente com a
proclamação de patrono da
Igreja universal. O Concílio não
chegou a atender tal pedido, pois foi interrompido bruscamente em setembro de
1870. Assim, a 08 de dezembro do mesmo ano, Pio IX procedeu à solene
proclamação com o Decreto da Congregação
dos Ritos Quemadmodum Deus.
SÃO
JOSÉ NA IGREJA E NO CARMELO
SÉCULO
XX
Patrocínio
de São José – Para São José Operário.
Em
1913, a Festa do Patrocínio de São José foi transferida para a quarta-feira da terceira semana
depois da Páscoa.
Em
1956, a Festa do Patrocínio de São José foi substituída
pela memória de São José Operário no dia 1º de maio.
Em
1957,
aos Carmelitas Descalços foi concedida a aprovação do calendário litúrgico da
Ordem podendo continuar a celebrar a festa do patrocínio de São José “protetor e patrono da nossa Ordem”.
SÃO
JOSÉ – DEVOÇÃO APÓS O CONCÍLIO VATICANO II
SÉCULO
XX
A
reforma litúrgica posterior ao Concílio Vaticano II.
A reforma litúrgica posterior ao
Concílio trouxe, entre outras coisas, uma notável simplificação do calendário
litúrgico.
Em
14/02/1969, do
título “protetor da Igreja universal” para “esposo da Virgem Maria”. O
título “protetor da Igreja universal” desapareceu da festa principal de São
José dia 19 de março. Considerou-se oportuno manter somente o título bíblico de
“esposo da Virgem Maria”, deixando a cada conferência episcopal e às famílias religiosas a possibilidade de
escolher outros apelativos.
Em
29/06/1969, foi abolida a Solenidade do Patrocínio de São José na Igreja e no
Carmelo Descalço. Seguindo a Instrução da Congregação do
culto divino para os calendários particulares, a Solenidade do Patrocínio de
São José foi abolida também do calendário do Carmelo Descalço.
São
José, “Protetor de nossa Ordem”. A Solenidade de São
José se mantém, como “protetor da Ordem” no dia 19 de março, para a Ordem. O
Definitório Geral O.C.D. decidiu então transferir o título “protetor da nossa
Ordem”, para a Solenidade de 19 de março. E memória facultativa de São José
operário fosse celebrada na Ordem toda. No entanto, as Constituições
pós-conciliares de ambas as Ordens continuam referindo-se a São José como seu
“protetor” (Const. O.Carm., 91; Const. O.C.D., 52). Nisso podemos reconhecer um
importante elemento de unidade de toda a família carmelitana, que talvez não
tenhamos valorizado suficientemente.
Rezemos pedindo a proteção de São José
para nossa Ordem, para nossa Província OCD e OCDS, nossas Comunidades e Grupos,
por nossas famílias e pelo fim desta Pandemia:
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ - ANO SANTO 2020/2021.
Amado Deus,
neste Ano Santo dedicado a São José, agradecemos por ter-nos dado tão casto
patrono e intercessor, e nos unimos ao Papa Francisco, à toda a Igreja e ao
Carmelo, como filhos de Teresa de Jesus e de João da Cruz, para caminharmos de
olhos fixos na subida ao Monte que é Cristo.
Unidos ao
glorioso São José e à Santíssima Virgem Maria, nos apresentamos, pessoal e
comunitariamente, pedindo que renove a nossa fé, aumente a nossa esperança e
nos faça prosseguir com amor e perseverança, nos confiando ao seu patrocínio.
Ó amabilíssimo
São José, suplicamos que nos ensineis a acolher a vontade de Deus nas inúmeras
situações da vida, amando e adorando o vosso Divino Filho, guardando o ditoso
silêncio que nos permita ouvir a voz do Espírito Santo, e a seguir com amor os
maternais cuidados da Virgem Maria.
Ó
obedientíssimo São José, suplicamos ainda, que nos ensineis a testemunhar o
nosso batismo e nossa vocação, meditando dia e noite a Palavra de Deus,
crescendo na virtude da escuta e do silêncio, para vivermos uma fé íntima, mas
operosa.
Por fim, ó
fidelíssimo São José, esposo da Virgem Maria, pai nutrício de Jesus,
amantíssimo senhor da Sagrada Família de Nazaré, volvei vosso olhar paterno
para nós e para nossas famílias humanas e religiosas, a fim de que alcancemos
do céu a graça da fidelidade ao Plano da Salvação!
Pai Nosso...
Ave Maria...
Glória ao Pai...
São José, ditoso esposo da Virgem Maria,
pai amantíssimo
de Jesus, rogai por nós!
São José nosso pai e patrono,
intercedei por nós!
Estela
da Paz, OCDS.
Comissão
de História
Comissão
de Espiritualidade
Ref.:
O PATROCÍNIO
DE SÃO JOSÉ NO CARMELO. Carta dos Superiores Gerais O.Carm. e O.C.D. à família
Carmelitana, por ocasião do 150º aniversário da proclamação do patronato de São
José na Igreja. Ano 2020.
PATRIS CORDE. Carta Apostólica do Papa Francisco, de 08/12/2021. Por ocasião do 15º Aniversário da Declaração de são José como Padroeiro Universal da Igreja.
Livro da Vida,
de santa Teresa de Jesus.