domingo, 31 de outubro de 2021

2º DIA NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE







NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE - 2021

(Meditando com algumas de suas cartas)

Tema: “Sou Elisabete da Trindade. Quer dizer, 

Elisabete que desaparece, se perde, se deixa invadir pelos Três”.

(Carta 148)

 

 

ORAÇÃO INICIAL (Todos os dias):

Pai-Nosso.

Ave-Maria.

Vinde, Espírito Santo.

Glória ao Pai...

 

Intenções: (...)

Oração:

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para o Vosso louvor e glória infinita. Amém.

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

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2º Dia – 31/10/2021.

Tema: Identificar-se com Cristo.

 

“Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

 

Doutrina Católica:

Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo: é «o homem perfeito», que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar; com a sua oração, convida-nos à oração; com a sua pobreza, incita--nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições. Tudo o que Cristo viveu, Ele próprio faz com que o possamos viver n'Ele e Ele vivê-lo em nós. «Pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-Se, de certo modo, a cada homem». Nós somos chamados a ser um só com Ele; Ele faz-nos comungar, enquanto membros do seu corpo, em tudo o que Ele próprio viveu na sua carne por nós, e como nosso modelo: «Devemos continuar a completar em nós os estados e mistérios da vida de Jesus e pedir-Lhe continuamente que Se digne consumá-los perfeitamente em nós e em toda a sua Igreja [...]. Na verdade, o Filho de Deus deseja comunicar e prolongar, de certo modo, os seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, [...] quer pelas graças que decidiu conceder-nos, quer pelos efeitos que deseja produzir em nós, por meio destes mistérios. É neste sentido que Ele quer completá-los em nós» (S. J. Eudes)”. (CEC 520-521)

Meditando com Santa Elisabete da Trindade:

 

“Esmagada sob o peso de tanto amor”

 

Em carta dirigida ao Cônego Angles que conhecia “suficientemente” sua alma, a Irmã Elisabete trata a respeito de sua profissão religiosa, fala de seus sentimentos e de sua felicidade, demonstrando sua profunda identificação com Cristo: “Como o senhor tem sido sempre bom para comigo! Quanto se interessou por minha vocação! Por isso, esta noite a minha alma sente a necessidade de confidenciar-lhe sua imensa felicidade. O Esposo me dirigiu o seu “Veni”. Pronunciarei os Votos que me unirão para sempre com Cristo no dia onze de janeiro, nesta bela Epifania plena de luz e de adoração. O senhor que me acompanhou desde minha infância e recebeu minhas primeiras confidências, poderá compreender esta felicidade tão grande que inunda a minha alma. Esta noite eu pedi as orações da minha querida Comunidade e amanhã começo o meu retiro espiritual de dez dias. Parece um sonho. Eu esperei e desejei tanto... Quer recomendar-me de um modo especial todas as manhãs na santa Missa? É um acontecimento tão grande o que se vai realizar... Vejo-me envolta no mistério da caridade de Cristo. Quando contemplo a minha vida passada, descubro como que uma espécie de divina perseguição sobre minha alma. Oh! Quanto amor! Sinto-me como que esmagada sob o peso do amor. Diante d’Ele eu me calo e adoro. Nessa manhã da Epifania, a mais bela da minha vida, embora o divino Mestre me tenha já concedido dias realmente divinos, semelhantes aos do céu, nesse dia em que finalmente me será concedido realizar todos os meus desejos e serei enfim esposa de Cristo, quer, Sr. Cônego, celebrar o Santo Sacrifício por sua Carmelita? Depois, ofereça-a também ao Senhor para que seja totalmente possuída, invadida e possa dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Ao final, promete-lhe suas orações: “Preciso dizer-lhe o quanto pedirei pelo senhor? Já conhece suficientemente minha alma e meu coração”. Pedindo-lhe suas orações: “Deixo-o para entrar com o Esposo num profundo recolhimento. Reze e abençoe a sua feliz Carmelita”. (Carta 132. 31 de dezembro de 1902)

 

Propósito pessoal:

Oração Final: ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE.

 

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ORAÇÃO FINAL (Todos os dias):

 

ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

TRINDADE QUE ADORO

 

Rezemos esta oração que foi composta por Santa Elisabete da Trindade, em 21 de novembro de 1904, que é sem dúvida uma das mais belas e profundas orações dedicadas à Santíssima Trindade, sendo uma espécie de síntese de sua vida espiritual.


“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivera na eternidade; que nada me possa perturbar a paz nem arrancar-me de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me transporte mais profundamente em Vosso Mistério!

Pacificai minha alma; fazei dela o Vosso Céu, Vossa morada querida e o lugar de Vosso repouso; que eu não Vos deixe jamais só; mas fique toda inteira Convosco, toda atenta em minha fé, em atitude de adoração e entregue inteiramente a Vossa ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quanto desejaria ser uma esposa para Vosso coração; quanto desejaria cobrir-Vos de glória, quanto desejaria amar-Vos... Até morrer!... Mas sinto minha impotência e, por isso, peço-Vos revesti-me de Vós mesmo, identificai minha alma com todos os movimentos da Vossa. Submergi-me, penetrai-me, substitui-Vos a mim, a fim de que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser inteiramente dócil, para aprender tudo de Vós; e depois, através de todas as noites, de todos os vácuos, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fitos em Vós e ficar sob Vossa grande Luz. Ó meu Astro querido, fascinai-me a fim de que eu não possa mais sair dos Vossos raios.
Ó fogo devorador, Espírito de Amor, vinde a mim para que em mim se opere uma como encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove o seu Mistério.

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre vossa pobre criatura, cobri-a com Vossa sombra, vede nela somente o Vosso Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade em que me perco, eu me entrego a Vós qual uma presa, sepultai-Vos em mim, para que eu me sepulte em Vós, na esperança de ir contemplar em Vossa Luz o abismo de Vossa grandeza.”

 

Glória ao Pai... Amém.

Salve-Regina.

 

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

 

Estela da Paz, OCDS.

(Comunidade São José, Petrópolis/RJ).

Comissão de Espiritualidade

 

Referência:

TRINDADE, Elisabete. Obras Completas. Ed. Vozes, 1993.

PHILIPON, M. M. A Doutrina Espiritual da Irmã Elisabeth da Trindade. Livraria Agir, 1957.

REIS, Manuel Fernandes. Isabel da Trindade: Interioridade Teologal Unificada (I).

Catecismo da Igreja Católica.

 

sábado, 30 de outubro de 2021

1º DIA NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE

NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE - 2021

(Meditando com algumas de suas cartas)

Tema: “Sou Elisabete da Trindade. Quer dizer,

Elisabete que desaparece, se perde, se deixa invadir pelos Três”.

(Carta 148)

  



 

ORAÇÃO INICIAL (Todos os dias):

Pai-Nosso.

Ave-Maria.

Vinde, Espírito Santo.

Glória ao Pai...

 

Intenções: (...)

Oração:

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para o Vosso louvor e glória infinita. Amém.

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

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1º Dia – 30/10/2021.

Tema: Importância da Oração.

 

“Tudo posso Naquele que me fortalece”.  (Fl 4,13)

 

Doutrina Católica: “Renunciarmos a nós próprios”

É graças a esta força do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira Vide far-nos-á dar «os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 22-23). «O Espírito é a nossa vida»: quanto mais renunciarmos a nós próprios, mais «caminharemos segundo o Espírito»: «Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna» (São Basílio Magno). (CEC 736)

Meditando com Santa Elisabete da Trindade:

 

“Tudo, possuo em Deus”.

 

Ao escrever à sua amiga Francisca de Sourdon, a Irmã Elisabete declara a felicidade encontrada no Carmelo, e conforta-lhe ao apresentar o sacrifício feito por seus entes queridos, deixando-lhe a certeza do “tudo” que encontrara, “Olha, meu amor, tudo possuo em Deus”. Dirá: “Minha querida Francisquinha, se soubesse como a sua Sabete está feliz, já não choraria mais. Muito pelo contrário, agradeceria o bom Deus por mim. Talvez você se pergunte como posso ser tão feliz quando tive que deixar a quantos amava, para entrar nesta solidão. Mas, veja, meu amor, tudo eu possuo em Deus e volto a encontrar n’Ele a quantos deixei. Oh! Como rezo por minha querida Francisca! Serei sempre sua mãezinha. Nada mudará entre nós, não é verdade? Pensa que as grades não constituirão absolutamente uma separação e que no meu coração conservarei sempre o seu lugar. Teria tantas coisas para lhe dizer, mas agora não disponho de tempo. Apresso-me, contudo, em enviar-lhe esta cartinha para dizer-lhe que o meu coração permanece sempre junto ao seu”. (Carta 78. 04 de agosto de 1901)

 

Propósito pessoal:

Oração Final: ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE.

 

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ORAÇÃO FINAL (Todos os dias):

 

ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

“TRINDADE QUE ADORO”

 

Rezemos esta oração que foi composta por Santa Elisabete da Trindade, em 21 de novembro de 1904, que é sem dúvida uma das mais belas e profundas orações dedicadas à Santíssima Trindade, sendo uma espécie de síntese de sua vida espiritual.


“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivera na eternidade; que nada me possa perturbar a paz nem arrancar-me de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me transporte mais profundamente em Vosso Mistério!

Pacificai minha alma; fazei dela o Vosso Céu, Vossa morada querida e o lugar de Vosso repouso; que eu não Vos deixe jamais só; mas fique toda inteira Convosco, toda atenta em minha fé, em atitude de adoração e entregue inteiramente a Vossa ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quanto desejaria ser uma esposa para Vosso coração; quanto desejaria cobrir-Vos de glória, quanto desejaria amar-Vos... Até morrer!... Mas sinto minha impotência e, por isso, peço-Vos revesti-me de Vós mesmo, identificai minha alma com todos os movimentos da Vossa. Submergi-me, penetrai-me, substitui-Vos a mim, a fim de que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser inteiramente dócil, para aprender tudo de Vós; e depois, através de todas as noites, de todos os vácuos, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fitos em Vós e ficar sob Vossa grande Luz. Ó meu Astro querido, fascinai-me a fim de que eu não possa mais sair dos Vossos raios.
Ó fogo devorador, Espírito de Amor, vinde a mim para que em mim se opere uma como encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove o seu Mistério.

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre vossa pobre criatura, cobri-a com Vossa sombra, vede nela somente o Vosso Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade em que me perco, eu me entrego a Vós qual uma presa, sepultai-Vos em mim, para que eu me sepulte em Vós, na esperança de ir contemplar em Vossa Luz o abismo de Vossa grandeza.”

 

Glória ao Pai... Amém.

Salve-Regina.

 

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

 

Estela da Paz, OCDS.

(Comunidade São José, Petrópolis/RJ).

Comissão de Espiritualidade

 

Referência:

TRINDADE, Elisabete. Obras Completas. Ed. Vozes, 1993.

PHILIPON, M. M. A Doutrina Espiritual da Irmã Elisabeth da Trindade. Livraria Agir, 1957.

REIS, Manuel Fernandes. Isabel da Trindade: Interioridade Teologal Unificada (I).

Catecismo da Igreja Católica.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Homenagem aos 90 anos do Frei Carlos Mesters

 Caríssimo Frei Carlos Mesters


Ana Scarabelli e Frei Carlos Mesters
90 anos!
Quanta graça!
Quanta benção!
Homem de fé, homem de pé!
Homem da bíblia, homem da Palavra
Homem que faz ecoar a Palavra
Palavra do povo, palavra da vida,
Palavra da verdade
Palavra que traduz em caridade.
Admiramos de fato sua vida
expressão profunda do Deus que é Senhor
e se fez simples no Verbo de amor
Com seu modo anuncia Jesus
Caminho e luz
90 anos de história
90 anos de memória

Te conhecer um dia foi de fato um prazer
um presente de Deus
que me deu a receber
Ouvir-te
Rezar contigo
Ser um pouco ali comunidade
e pouco a pouco cultivar a amizade

Bendigo ao Deus querido
por ti Frei Carlos Mesters homem ungido
Rogo a ele paz e saúde
que sua vida manifeste sempre graça, paz e plenitude
Com Maria e José ao seu lado
te amparando neste caminho de vida e verdade


Parabéns!!!
Abraço e orações,

Daqui da Igreja doméstica
Ana Maria e José Paulo-OCDS

Caratinga- MG

*As fotos são do Alacar na Colômbia




segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Revista Virtual Monte Carmelo nº 175 (julho-agosto-setembro/2021)

 


Caros leitores,


Nesta nossa revista trimestral referente aos meses de julho, agosto e setembro, colocamos como matéria de capa a Mensagem do Papa Francisco aos participantes do 92º Capítulo Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços. Em seguida, trazemos a mensagem e o documento conclusivo do Capítulo.


Entre os destaques deste número temos o artigo de formação humana “Um coração livre e integrado para amar”, de Maria Inês Vasques Ayres Bernardes (Itapetininga-SP) e o artigo de espiritualidade ““ABISMAR-SE”: outro nome para a experiência de Deus”, de Artur Viana (Fortaleza-CE), além do testemunho do nosso irmão Hugo Henrique Pessôa da Silva (Camaragibe-PE) sobre a sua participação no módulo da Escola de Formação Edith Stein.


Confira ainda nesta edição os artigos: “Por uma fotografia de comunicação e significado: por uma fotografia litúrgica”, de André Fachetti (Cachoeiro de Itapemirim-ES)  e “Pois todos vós sois UM só em Cristo Jesus”, do Diácono Carlos Alberto de Almeida (Itapetininga-SP).


Na seção ESPAÇO LITERÁRIO CARMELITANO Wallace Bertoli Moreira (Vitória-ES) nos traz o artigo “A importância da ascese e sua função no crescimento e maturidade espiritual” e na seção SANTO DO MÊS, Estela da Paz (Petrópolis-RJ) nos fala sobre Nossa Senhora do Carmo, cuja celebração se deu em 16 de julho. Por fim, noticiamos a realização do Seminário de Casais OCDS 2021, evento virtual realizado em agosto por ocasião da Semana Nacional da Família.


Uma boa leitura a todos!


Luciano Dídimo

Coordenador da Comissão de Comunicação da OCDS

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Nomeado novo Delegado Geral para a OCDS

O 92º Capítulo Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, realizado em Roma no período de 30 de agosto a 14 de setembro de 2021, elegeu o novo Definitório Geral da Ordem para o sexênio 2021/2027, formado pelo Padre Geral, Frei Miguel Márquez Calle e oito definidores gerais para as diversas regiões do mundo.

Este novo Definitório realizou na Casa Geral, de 06 a 09 de outubro de 2021, sua primeira reunião , cujo resultado foi divulgado na Carta assinada em 11 de outubro de 2021.

Entre outras informações consta a nomeação do novo Delegado Geral para a OCDS, Frei Ramiro Casale, da Província da Califórnia-Arizona, a quem desejamos um abençoado mandato, iluminado pelo Espírito Santo, para que conduza a Ordem Secular no mundo consciente dos velhos e dos novos desafios que se apresentam, procurando sempre agir com sabedoria, persistência, coragem e misericórdia, de acordo com a vontade de Deus para este tempo, animando a nossa querida a OCDS a continuar a subida do Monte, com a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, de São José  e de todos os santos do Carmelo!

No ensejo aproveitamos para agradecer profundamente ao nosso querido Frei Alzinir Debastiani, que tão bem desempenhou essa função nos últimos anos, sempre com serenidade e firmeza, ao passo em que desejamos um feliz retorno à nossa Província São José, onde poderemos apertar os laços da proximidade e do convívio novamente! Que Deus o recompense por todo o serviço prestado à OCDS e o cumule de bênçãos e graças!

Como gratidão, oferecemos ao Frei Alzinir este poema, que com certeza retrata o seu sentimento na finalização dessa preciosa missão:

MISSÃO CUMPRIDA


Essa missão
Que me pedistes

Eu recebi


Durante o tempo
Que me pedistes

Eu vos servi


Todas as obras 
Que me pedistes

Eu construí 


O bom combate

Que me pedistes

Eu combati


Todas as graças 

Que derramastes

Agradeci


Todas as dores

Que me enviastes

Por Vós sofri


Vosso perdão

Não me negastes

Eu descobri


Na vossa luz

Vós me guiastes

Eu entendi


No vosso amor

Que me inundastes

Eu sucumbi


Podeis dispor 

Da minha vida

Pra Vós nasci!


Luciano Dídimo

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

SOLENIDADE DE SANTA TERESA DE JESUS, VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA, NOSSA MÃE - 15 de outubro de 2021.

 Ano Santo de São José (2020-2021) 


Santa Teresa de Jesus, “herdeira da devoção josefina do Carmelo”. 

(cf. Carta à Família Carmelitana)

Nesta Solenidade de Santa Teresa de Jesus pretendemos despertar e dar sentido aos pontos fundamentais do seu carisma da oração, abordando a relação de sua doutrina do Pai-Nosso na obra Caminho de Perfeição, e de sua devoção a São José, celebrando junto a ela o Ano Santo de São José, refletindo pontos destacados pelos Gerais da Ordem (OCD e O.Carm) em virtude deste ano santo, dando voz as importantes referências feitas pelo Papa Francisco a partir da Carta Apostólica Patris Corde, no Decreto das Indulgência da Penitenciária Apostólica. Indulgências que podem ser lucradas nas condições habituais: Confissão sacramental, Comunhão eucarística e Oração segundo as intenções do Santo Padre. Neste sentido, dirá o Decreto das Indulgências: “São José, autêntico homem de fé, convida-nos a redescobrir a nossa relação filial com o Pai, a renovar a nossa fidelidade à oração, a escutar e responder com profundo discernimento à vontade de Deus. A Indulgência plenária é concedida a quem medite por pelo menos 30 minutos sobre o Pai Nosso, ou que participe de um retiro espiritual de pelo menos um dia que inclua uma meditação sobre São José”. 

A oração é a vida do coração novo e deve nos animar a cada momento. (CEC 2558) Sabemos que a oração é o carisma de Santa Teresa na Igreja, que não significa somente afirmar que é uma sua especialidade, mas sim afirmar que é este o dom de graça, o serviço eclesial, ontem e hoje. Deve frisar-se, porém, que a oração cristã da qual Teresa possui a chave de compreensão é a pessoal, silenciosa, contemplativa, capaz de fazer a síntese da resposta total a Deus na vida cristã, ponto de convergência da totalidade da experiência religiosa em Cristo. “O bem de quem pratica a oração - refiro-me à oração mental - obtém já foi tratado por muitos santos e homens bons. Glória a Deus por isso!... Por isso, peço aos que ainda não começaram que, por amor a Deus, não se privem de tanto bem... A oração mental nada é para mim senão um relacionamento íntimo de amizade, um freqüente entretimento a sós com Aquele que sabemos que nos ama”.  (V 8,5) Assim, com a força dinâmica de sua oração, Santa Teresa instruíra suas filhas, e hoje a nós, cristãos e carmelitas deste tempo através de suas obras. 

Neste Ano Santo de São José daremos enfoque à obra Caminho de Perfeição - como dissemos acima -, através da meditação do PAI-NOSSO. Nosso intuito aqui será de compreendermos a relação amorosa de Jesus com o Pai do Céu unindo-nos a Ele nesta relação filial através de Santa Teresa. Queremos também, por meio de pequenas interações, apresentar a relação filial experimentada por ela com São José, como também Jesus fizera. Dirá o papa Francisco: Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13) - Patris Corde 2. Da mesma forma, numa via de mão dupla dirá a respeito de São José: “Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José» (PC, Prefácio)”. Na Carta Apostólica Patris Corde o papa desenvolve nos sete sub-temas da meditação sobre a “paternidade de São José para Jesus”, mas assinala de maneira concreta a devoção de Santa Teresa ao glorioso santo:“muitos santos e santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor” (cf. Vida, 6,6-8). 

Assim, a partir da referência do santo Padre sobre a relação da paternidade de Jesus com Deus e com São José, nos propomos com o auxílio de Santa Teresa fazer breves meditações que conduzam à intimidade com Deus Pai, por meio Jesus, através da meditação das “Sete Petições” da oração que o próprio Jesus nos ensinou, conformando tais meditações à devoção do glorioso São José: “Oh! Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho e como o Vosso Filho parece filho de tal Pai! Bendito sejais, para todo o sempre! No fim da oração, não seria já tão grande, Senhor, esta mercê?... Ó Filho de Deus e Senhor meu! Como dais tantos bens juntos logo à primeira palavra?... Se tornamos a Ele como o filho pródigo, terá de perdoar, de nos consolar em nossos trabalhos, de nos sustentar, como fará um Pai, que forçosamente há-de ser melhor que todos os pais do mundo, porque n'Ele não pode haver senão a perfeição de todo o bem e, depois de tudo isto, fazer-nos participantes e herdeiros convosco”. (C 27, 1-2) 

Numa breve síntese podemos traçar o fio condutor que liga o comentário teresiano a cada uma das petições do Pai nosso, e, a relação com a paternidade de São José. Mas poderá ser suficiente para colher o sentido evangélico da oração-vida do comentário que a Santa de Ávila desenvolve nos 16 capítulos breves do seu livro Caminho de Perfeição (cf. C 27-42), utilizando-nos da doutrina da Igreja e do Carmelo.

 


“Pai Nosso que estais nos Céus”. Rezar o «Pai Nosso» é rezar com e por todos os homens, para que conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade. A expressão «que estais nos céus» não indica um lugar, mas uma maneira de ser: Deus está para lá e acima de tudo. Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a sua presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a qual tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela «escondidos com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). (cf. CCC 582-586) Santa Teresa: «Pai Nosso, que estais nos Céus». Ó Bom Jesus! com que clareza mostrastes ser uma mesma coisa com Ele e que a Vossa vontade é a Sua, e a d'Ele a Vossa! Que confissão tão clara, Senhor meu! Que amor é esse que nos tendes! (...) Oh! valha-me Deus! quanto tendes aqui com que vos consolar; mas para não me alongar mais, quero deixá-lo aos vossos entendimentos; que, por desbaratado que ande o pensamento, entre tal Filho e tal Pai, forçosamente há-de estar o Espírito Santo; que Ele enamore vossa vontade, e vo-la prenda tão grandíssimo amor, se para isto não bastar tão grande interesse. (C 27,1-4.7)

 “Santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino”. Desejar santificar o Nome de Deus é, antes de mais nada, um louvor que reconhece Deus como Santo. É santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1Ts 4,7) é desejar que a consagração batismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens. (cf. CCC 587-590) Santa Teresa: “Ó Sabedoria eterna! Entre Vós e Vosso Pai isto bastava, e assim pedistes no Horto; mostrastes a Vossa vontade e temor, mas entregastes-Vos à Sua. Mas conheceis-nos, Senhor meu, e sabeis que não estamos tão rendidos como Vós o estáveis à vontade de Vosso Pai, e vistes que era importante pedir coisas determinadas, para que nos detivéssemos a ver se é bem ao nosso gosto o que pedimos e, não sendo, não Lho peçamos. (C 30,2-4) 

“Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”. A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos» (1 Tm 2,3). Para isso é que Jesus veio: para realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. (cf. CCC 591) Santa Teresa: “Ó bom Jesus, que recebeis tão pouco da nossa parte, como pedis tanto para nós! Sim, que isso que damos, em si é nada para tanto que se deve, e para tão grande Senhor! Mas certo é, Senhor meu, que não nos deixais sem nada, e que damos tudo quanto podemos, se o damos como dizemos”. (C 32,1) 

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Ao pedir a Deus, com o confiante abandono dos filhos, o alimento quotidiano necessário a todos para a subsistência, reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e está acima de toda a bondade. Pedimos também a graça de saber agir de modo que a justiça e a partilha, a este pedido refere-se igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de Cristo recebido na Eucaristia (cf. CCC 592-593). Dai-nos hoje o nosso pão...! A Eucaristia torna-se síntese da oração: momento da mais intensa comunhão com Deus, da presença de Cristo dentro de nós que convida ao recolhimento; diante da Eucaristia - que Teresa contempla especialmente neste capítulo como presença, comunhão, sacrifício - a síntese dos empenhos de fé e de amor do cristão. Santa Teresa: “Vendo o bom Jesus a necessidade buscou um meio admirável por onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem e, em Seu nome e no de Seus irmãos, fez esta petição: «O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, Senhor». Entendamos... por amor de Deus, isto que pede o nosso bom Mestre, que não nos vá a vida em passar de corrida sobre isto, e tende em muito pouco o que haveis dado, pois tanto haveis de receber. Este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois, de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação. Não há necessidade, nem trabalho, nem perseguição que não seja fácil de passar, se começamos a saborear os Seus." (C 33- 34) 

“Perdoai-nos as nossas ofensas, ‘assim como’ nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Cl 1,14). Porém, o nosso pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O perdão participa da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã. (cf. CCC 594-595) Assim a oração forja desde dentro atitudes de maturidade cristã e o cristão torna-se “contemplativo”, isto é, cristão empenhado com Deus e com os irmãos, consumido no amor (cf. C 36-37). Santa Teresa: “Vendo, pois, o nosso bom Mestre que, com este manjar celestial, tudo nos é fácil, a não ser por nossa culpa, e que podemos cumprir bem o que dissemos ao Pai: que se faça em nós a Sua vontade. Aqui, tem lugar a Vossa misericórdia. Bendito sejais Vós, por me sofrerdes assim tão pobre que, falando o Vosso Filho em nome de todos nós, sendo eu tal como sou e tão pobre de haveres, tenho de me pôr fora da conta. Mas, Senhor meu, haverá pessoas que me tenham feito companhia e não hajam entendido isto? Se as houver, em Vosso nome lhes peço que se lembrem disto e não façam caso dumas coisitas a que chamam agravos; parece que fazemos como as crianças, casas de palhinhas, com estes pontos de honra!” (C 36,1-3) 

“Não nos deixeis cair em tentação”. Quando dizemos: «Não nos deixeis cair em tentação», pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final. (cf. CCC 596) Santa Teresa: "Tenho por muito certo que, os que chegam à perfeição, não pedem ao Senhor os livre de trabalhos, nem das tentações, nem de perseguições e pelejas; mas antes os desejam, pedem e amam, como disse há pouco... Os soldados de Cristo, ou seja, os que têm contemplação e tratam de oração, estão desejosos por ver chegada a hora do combate. Nunca temem muito a inimigos declarados; já os conhecem e sabem que não têm força... Bom é andar de sobreaviso, não haja quebra da humildade ou gerar-se alguma vanglória... Dá-nos o demônio a entender que temos certa virtude, digamos a paciência, porque nos determinamos e fazemos propósitos muito contínuos de sofrer muito por Deus... pois acontecerá que, a uma palavra que vos digam do vosso desagrado, caia por terra a vossa paciência... Mas torno a avisar-vos: embora vos pareça que a tendes, temei de vos enganardes, porque o verdadeiro humilde sempre anda duvidoso das virtudes próprias, e muito habitualmente julga mais seguras e de mais valia as que vê no próximo." (C 38, 1-9) 

“Livrai-nos do Mal. Amém”. Concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal». O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra» (Ap 12, 9). A vitória sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para que a família humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos libertará definitivamente do Maligno. «Depois, acabada a oração, tu dizes: Amém, corroborando com o Amém, que significa “Assim seja, que isso se faça”, tudo o que está contido na «oração que Deus nos ensinou» (S. Cirilo de Jerusalém). (cf. CCC 597-598) Nesta última petição do Pai-Nosso, Santa Teresa explode, de maneira poderosa a orientação escatológica do cristão que deseja adquirir a verdadeira liberdade de poder amar a Deus sem o risco de perdê-lo. A esperança cristã aponta para a vida eterna e para o desejo de ver Deus para ficar nele livres, porque já libertos de qualquer possibilidade de ser alcançados pelo mal (cf. C 42). Santa Teresa: “Parece-me que tem razão o bom Jesus ao pedir isto para Si, porque bem vemos como estava cansado desta vida, quando na Ceia disse a Seus Apóstolos: «Desejei com grande desejo comer convosco esta ceia», que era a última da Sua vida. Por aí se vê que cansado já devia estar de viver. Verdade é que não a passamos tão mal nem com tanto trabalhos como Sua Majestade a passou, nem tão pobremente... E quanta razão tinha de suplicar ao Pai que O livrasse já de tantos males e trabalho e O pusesse para sempre no descanso de Seu reino, pois era dele o verdadeiro herdeiro! "Amém". Com este amém entendo eu, pois com ele se acabam todas as coisas. E assim o suplico eu ao Senhor que me livre de todo o mal para sempre, pois não acabo de pagar o que devo, e pode ser, porventura, que eu me esteja a me endividar cada dia mais. Livrai-me já de todo o mal, e sede servido de me levar aonde estão todos os bens! Que esperam já, aqui na terra, aqueles a quem tendes dado algum conhecimento do que é o mundo, e os que têm viva fé no que o Pai Eterno lhes tem guardado?” (C 42,1-2) 

Como dissemos acima, na Patris Corde o papa Francisco desenvolve sete sub-temas sobre a “paternidade de São José para Jesus”, mas assinala de maneira concreta a devoção de Santa Teresa ao “glorioso santo” quando explica a paternidade de São José e sua contribuição com a história da salvação, sendo assim como “um pai que foi sempre amado pelo povo cristão”, paternidade essa comprovada no fato de lhe “terem sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras”, destacando, portanto, que “muitos santos e santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele”. (cf. Vida, 6,6-8) Concluímos traçando a relação da paternidade de São José com Jesus na Patris Corde e a devoção de Santa Teresa.


 São José, “Pai Amado”. A grandeza de São José consiste no fato de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa. A liturgia carmelita celebrava também a união nupcial de José com a Virgem e o contemplava como protetor de sua virgindade e da vida do Filho de Deus encarnado. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "A outros santos parece ter dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso santo tenho experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo apoio, O podia mandar -, assim no Céu faz quanto Lhe pede". ((cf. PC 1; Vida 6,6). 

São José, “Pai na ternura”. Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13). Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura, que é bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145,9). A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe. São José é contemplado na sua obediência a Deus; Ele é o homem justo, o digno senhor da casa do seu Senhor, a quem foi confiada a responsabilidade de dar o nome divino revelado pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo, São José é quem por primeiro proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva! (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Em especial, as pessoas de oração sempre lhe haviam de ser afeiçoadas. É que não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - no tempo em que tanto passou com o Menino Jesus - sem que se dê graças a São José pelo muito que então Os ajudou". (cf. PC 2; Vida 6,8) 

São José, “Pai na obediência”. De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade. José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la», e decide «deixá-la secretamente» (Mt 1,19). O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da contemplação – 5 sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria concebeu o Verbo no seu seio por obra do Espírito Santo, assim São José por obra do Espírito Santo concebeu na contemplação o Cristo na sua alma, tornando-se pai de Jesus sobre esta terra. (Carta à Família Carmelitana) Confiando-se a S. José e à Virgem Maria, Santa Teresa relata sua experiência de ser por eles guardada: "Dia de Nossa Senhora da Assunção... Eu com grandíssimo deleite e glória, logo me pareceu Nossa Senhora pegar-me nas mãos. Disse-me que Lhe dava muito gosto sendo devota do glorioso S. José; que tivesse por certo que, o que eu pretendia do mosteiro, se havia de fazer e nele se serviria muito o Senhor e a eles ambos; que não temesse que nisto houvesse jamais quebra, embora a obediência que dava não fosse a meu gosto, porque Eles nos guardariam e já Seu Filho nos tinha prometido andar conosco". (cf. PC 3; Vida 33,14) 

São José, “Pai no acolhimento”. José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1Cor 1,27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sl 68,6) e manda amar o forasteiro.  Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32). Em São José, o Carmelo encontra um compêndio de sua espiritualidade: A pureza de coração (puritas cordis) que torna possível a visão de Deus; a união com Maria; e a fruição da vida mística apresentada em termos de concebimento e nascimento do Verbo Encarnado na alma pura. Por isso, São José é celebrado como o espelho da vida mística carmelitana em Deus. Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do Carmelo, a liturgia celebrava a pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a Deus, que torna possível a acolhida do mistério da Encarnação. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho. Praza ao Senhor não haja eu errado em atrever-me a falar dele; porque embora publique ser-lhe devota, no seu serviço e imitação sempre tenho falhado. Ele procedeu como quem é, fazendo com que eu me pudesse levantar e andar e não ficasse tolhida, e eu, como quem sou, usando mal merecimento". (cf. PC 4; Vida 6,8) 

São José, “Pai com coragem criativa”. José é o homem por meio de quem Deus cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe. Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele. Dirá Santa Teresa: "Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que, tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e Senhor meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer". (cf. PC 5; Vida 6,6) 

São José, “Pai trabalhador”. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo. Santa Teresa ampliará esta tradição trazendo um grande proveito para todo o Carmelo e para a Igreja universal. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Se eu fora pessoa que tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito por miúdo as mercês que este glorioso santo me têm feito a mim e a outras pessoas... Só peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá, por experiência, o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso patriarca e ter-lhe devoção". (cf. PC 6; Vida 6,8) 

São José, “Pai na sombra”. Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O encontro de Santa Teresa com São José ocorreu num dos períodos mais difíceis de sua vida, ela estava com cerca de 25 anos, sofreu uma  longa e penosa enfermidade e as curas dos médicos da terra  resultaram não só  ineficazes, mas também prejudiciais: permaneceu paralisada e esgotada fisicamente e  psicologicamente. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "É coisa de espantar as grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma". (Vida 6,6) Atribuímos à Santa Teresa a herança de um culto intenso e da devoção josefina do Carmelo. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a ele se encomendam". (cf. PC 7; Vida 6,7) 

SALVE SANTA TERESA DE JESUS!

SÃO JOSÉ, COM SANTA TERESA, ROGAI POR NÓS!

 

Estela da Paz, OCDS.

(Estela Maria Teresa de Jesus)

Comissão de História.

Comissão de Espiritualidade.

 

Referências:

Obras Completas de Santa Teresa de Jesus.

Catecismo da Igreja Católica – Quarta Parte.

Carta Apostólica PATRIS CORDE, PP. Francisco.

Carta à Família Carmelitana - O.Carm e OCD.

 

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