segunda-feira, 29 de novembro de 2021

MENSAGEM DA OCDS PARA SUA PRESIDENTE ROSE LEMOS


 Rose,

Quem lhe curou
Foi o seu amor por Deus,
Foi sua determinada determinação
De realizar com amor sua missão,
Foi a sua confiança
No tudo passa,
Foi sua esperança
Na paciência que tudo alcança,
Foi seu comprometimento
Nas tarefas a todo momento,
Foi sua pura alegria
No sorriso de cada dia,
Foi o segurar na mão
Dos que lhe amam de coração,
Foi sua vida Carmelitana
Em casa, no hospital, na comunidade,
Na dor, na alegria, nas lágrimas, na labuta, nos desencontros, nos encontros...
Sua fé lhe salvou!

Enfim, sua vida vivida como Deus lhe pede.
Mais um ano de VITÓRIA!

Que Deus por intermédio de Leônia, lhe conceda a graça de continuar partilhando sua vida, exemplo de carmelita para todo o Carmelo Descalço, por muitos e muitos anos!

Do Conselho Provincial e de toda a OCDS - Província São José!

FAZENDO HISTÓRIA - ANIVERSÁRIO DE NOSSA PRESIDENTE ROSE LEMOS. 29 de novembro de 2021.


Parabéns, Rose!

Muitas felicidades, muitos anos de vida!

Iniciamos consagrando sua vida, vocação e missão nas mãos do Bom Jesus ao Pai-Nosso, confiando-lhe à intercessão da Santíssima Virgem Maria e do glorioso São José.

Sabe, irmã, "fazemos história", quando entramos no curso do tempo, e neste, nos permitimos ser e fazer a vontade de Deus, permitindo que Ele, Autor da vida e Senhor do tempo marque a nossa trajetória com seu Amor e Misericórdia, seja através das alegrias, seja através dos inúmeros revezes da vida... Mas, em tudo e para tudo, fazendo aquilo que nos faça crescer neste mesmo Amor para com Ele e com os irmãos.

Neste dia, vale dizer que você está escrevendo mais um belo capítulo de sua história de vida e de vitória, portanto, aqui deixamos registrado em poucas palavras este momento.

À Rainha do Carmelo, suplicamos para você a "esperança" neste tempo propício do Advento, e para que diante do seu histórico de lutas e vitórias contra câncer, continues "remando contra toda adversidade".

Parafraseamos o nosso amado frei Pierino, que nos deixou conselhos através de sua vida, de suas homilias e de suas poesias, a clara intercessão da Virgem Mãe a ser contemplada nas marcas da vida. Desejamos-lhe ainda, que a "busques (sempre) na constante e serena vontade de Deus", com força e fé, sempre "acreditando contra toda esperança".

Assim meditando contigo, amada irmã e amiga, hoje na árdua missão que tens diante de nossa Ordem, completamos esse trecho do poema:

"Apraz-me, assim, contemplar Maria, destinada a navegar em Alto Mar, velejando perto de nossas praias - nossas vidas - marcadas pelo medo, pelo desânimo, pelo cansaço, pela inconstância, caminhando conosco, encorajando-nos a não desistir na luta por uma história mais justa, por condições mais dignas de seus irmãos caminhantes nesta terra; na busca constante e serena da vontade de Deus, acreditando contra toda a esperança, remando contra toda adversidade e impulsionando-nos a nadar neste IMENSO OCEANO DA LIBERDADE".
(Maria de todos os dias - Frei Pierino)

Nas alegrias ou nas tribulações jamais esqueças:
"Verdade e amor são os caminhos do Senhor para quem guarda sua Aliança e seus preceitos. O Senhor se torna íntimo aos que o temem e lhes dá a conhecer sua Aliança". (Sl 24) "É tempo de caminhar!" - Dirá santa Teresa a você.

Concluimos, ainda, com a regra de ouro de nossa santa Madre para que esperando e caminhando, creias que "Só Deus basta".

"Eleva o pensamento,
Ao céu sobe,
Por nada te angusties,
Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue
Com peito grande,
E, venha o que vier,
Nada te espante...
Aspira às coisas celestes,
Que sempre duram;
Fiel e rico em promessas,
Deus não muda...
Ainda que tudo perca,
Só Deus basta".
(Santa Teresa de Jesus, NADA TE PERTURBE - Poesia IX)

Muito obrigada por sua amizade e pelo testemunho de fé em Deus, de amor à Virgem Maria, aos santos do Carmelo, e ao seu chamado a ser "filha da Igreja" plantada no Carmelo!

Muito obrigada por sua dedicação à OCDS em meio as fragilidades, mostrando hoje para todos nós que "para Deus nenhuma coisa é impossível" (Lc 1,37)

Beijos no seu "coração apaixonado, que só em Deus coloca o pensamento"!

FELICIDADES, ROSE!
🤎✨👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Estela da Paz, OCDS.
(Comunidade São José)
Comissão de História 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Frei Pierino de Jesus Crucificado, ocd: associado a Cristo na morte e, um dia, na feliz ressurreição da carne.

O velório de uma vitima da Covid-19. Uma imagem que sempre choca... Nesse ataúde estão os espólios mortais de Frei Pierino, que deixa saudade, mas, que certamente continuará sua missão intercessória na eternidade. 

Terão poucas pessoas presentes em seu velório, que segundo tradição europeia, dura de 3 a 4 dias, mas, receberá exéquias eclesiásticas e a Virgem do Carmo, estampada na bandeira, está alí ao lado, e, especialmente, com sua real presença, com seu olhar de Mãe voltado para sua alma, de filho e irmão tão amado. 

Acredito que há, no sepultamento de uma vitima da Covid, um profundo mistério escondido: o mistério da morte ignominiosa, à semelhança da Morte do Crucificado, que foi considerado "um maldito". 

Poucos puderam sepultar a Jesus, pois, o "pecado" de quem morria crucificado, contaminava e amaldiçoava a todos que dele se aproximassem e aos parentes consanguíneos. A casa de um crucificado era demolida até ao alicerce e o terreno salgado para que erva alguma crescesse mais ali.

Pois bem: Frei Pierino era de Jesus Crucificado, seu onomástico na Ordem Carmelita Descalça. Não esqueçamos isso. 

Jesus quis que sua morte fosse semelhante à dEle:
1. Morreu longe de casa (Brasil), mas, morreu em sua terra: Itália.
2. Arriscou a vida para tentar ver ou "salvar" sua irmã, apesar de não ter conseguido em "vida". Mas, mesmo assim, correndo perigo, foi. Praticou a virtude da caridade fraterna. . 
3. Sua morte, como a de Cristo, foi um aparente "infortúnio", um "azar", um "desastre", algo "sem nexo", mas, aos olhos de Deus, cujo pensamento não é o do homem, não foi, assim como a morte de Jesus Crucificado também não foi. Seus dias de sofrimento no hospital, certamente, salvaram muitas almas. 
4. Como dito, poucos puderam sepultá-lo, mas, a Virgem Nossa Senhora, a Mãe zelosa, das Dores, das Lágrimas, do Perpétuo Socorro, e, especialmente, do Carmo, estava lá, junto, velando seu amado Pierino. 
5. Seu corpo esperará a ressurreição junto aos ossos de seus antepassados, abençoará sua amada Canepina, Itália, e sua alma intercederá "à distância" (distância que não existe, só no imaginário) sua amada São Roque e todo seu querido Brasil. 

Rogue por nós, querido Frei Pierino de Jesus Crucificado! Peça a Nossa Senhora, a São José, a São Roque, a Santa Teresa e a São João da Cruz, que também roguem por nós, para que nossa cegueira seja curada, nossa fé na eternidade restaurada e nossa esperança no Céu renovada. Amém.


RESQUIAT IN PACEM

FREI PIERINO ORLANDINI EM SUA DEVOÇÃO À VIRGEM MARIA

"Eis os reflexos da luz de Deus... Maria, mãe de Deus e mãe dos homens, que pronuncia o seu 'Sim' e canta o 'Magnificat' em nome de toda a humanidade". (Trecho da sinopse do livro"Reflexo de luz")

Através de uma de suas poesias, entre tantas, frei Pierino Orlandini, deixa-nos como meditar e rezar à Santíssima Virgem Maria.
Assim, apropriando-nos deste belo poema, extraímos nas entrelinhas a essência de sua devoção à ela como "Maria de todos os dias", retirando o que de mais belo e profundo a alma poética deste amigo nos faz entrever.

"MARIA DE TODOS OS DIAS"

À VIRGEM COM SANTA TERESINHA

"Oh! Eu quisera cantar, Mãe, porque te amo! Porque teu nome tão doce faz estremecer meu coração! Alguns pregadores mostram a Santíssima Virgem inalcançável, quando deveriam mostrá-la possível de ser imitada; ressaltar suas virtudes, dizer que ela vivia de fé como nós, apresentando as provas que o próprio Evangelho nos dá... Sabemos bem que a Santíssima Virgem é a rainha do Céu e da terra; mas ela é mais mãe do que rainha".
(cf. Santa Teresinha).

"CONFIANÇA E ABANDONO"

Quero expressar, em poucas palavras e em forma de oração, meu louvor, minha admiração, meu carinho e devoção, minha confiança e abandono, meu amor de filho e irmão - como Carmelita - a Maria, que nos foi dada por Mãe pelo próprio Jesus, no momento culminante de sua vida, minutos antes de voltar para o Pai.

"ANGÚSTIAS E ESPERANÇAS"

Penso que não seja falta de respeito reconduzir entre os confins de nossa experiência humana, feita de luzes e sombras, de angústias e esperanças, de alegrias e dores, de preocupações e confiança, de segurança e inseguranças, aquela que - sabemos - é a expressão mais digna da humanidade redimida e, desde sempre, escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador.

"ÍNTIMA RELAÇÃO COM DEUS"

Maria é bela, aliás, toda bela, belíssima por suas prerrogativas "divinas" por sua íntima relação com Deus - Trindade; e é bela, belíssima também por sua proximidade da humanidade ainda em caminho para a Pátria celeste.

"CONTRA TODA ADVERSIDADE"

Apraz-me, assim, contemplar Maria, destinada a navegar em Alto Mar, velejando perto de nossas praias - nossas vidas - marcadas pelo medo, pelo desânimo, pelo cansaço, pela inconstância, caminhando conosco, encorajando-nos a não desistir na luta por uma história mais justa, por condições mais dignas de seus irmãos caminhantes nesta terra; na busca constante e serena da vontade de Deus, acreditando contra toda a esperança, remando contra toda adversidade e impulsionando-nos a nadar neste IMENSO OCEANO DA LIBERDADE.

"PORTAS ABERTAS"

Gosto, ainda, de olhar para Maria no interior de sua casa, em seus afazeres domésticos: limpando, lavando, cozinhando, rezando, esperando, dialogando, silenciando, fazendo favores, recebendo favores, agradecendo, ensinando, corrigindo, ajudando, servindo: com as mãos ocupadas e o coração amando, sempre de portas abertas e com o sorriso nos lábios.
(Maria de todos os dias - Frei Pierino)

"UMA SIMPLES MULHER"

Neste ambiente tão rotineiro, não me é difícil imaginar a Santíssima Virgem Maria experimentando tudo como uma simples mulher: alegrias, angústias, ansiedade, esperanças, silêncio, interrogações, expectativas. Em plena sintonia com seu Deus, escutando, guardando tudo no fundo do coração, cooperando com todo o seu ser na realização da História da salvação".
(Maria de todos os dias - Frei Pierino)

"A VONTADE DO PAI"

"Quero, em nome de todos os amantes de Maria, dirigir-me a ela, pedindo-lhe que nos ensine a viver a espiritualidade de todos os dias.
Ensina-nos, ó Maria, a viver de todos os dias, nossa cotidianidade verdadeira construção da História que Deus quer: na solidão, na oração, nos encontros, na comunhão, no trabalho, no diálogo, na simplicidade de todos os dias, na acolhida da Palavra, na realização da vontade do Pai, no seguimento do Filho, seguindo os caminhos do Espírito".
(Maria de todos os dias - Frei Pierino)

"CAMINHA CONOSCO, Ó VIRGEM"

Caminha conosco, ó Virgem de todos os dias, extraordinariamente ordinária, espelho de justiça, humilde e santa, divina e humana, Rainha do céu e mulher peregrina desta terra, cujo chão duro pisaste e cuja poeira também, como nós, respiraste. Caminha conosco, Maria, e ensina-nos a fazer tudo com simplicidade e amor. E que nossa vida seja, como a tua, feita de confiança, oferta, expro-priação, dedicação, pertença total, oblação, compromisso constante com as coisas de Deus e com os interesses verdadeiros da humanidade, a fim de que possamos viver sempre mais em profundidade a vida de Deus: contigo, em ti e por ti, Maria, sempre nossa Mãe, na terra e no céu. Amém. 

Poema: Frei Pierino Orlandini, ocd.

Que a Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Formosura do Carmelo interceda por ti, frei Pierino!

(Estela da Paz, ocds - Comissão de Espiritualidade)

"Coração alegre e apaixonado" - Homenagem ao irmão e amigo frei Pierino Orlandini, OCD (1944-2021)


 

Uma Homenagem ao nosso querido irmão Frei Pierino Orlandini, OCD

 





Distância,
separação,
dura realidade
que mexe nas dobra mais fundas do coração,
semeando nuvens
carregadas de espera,
tingidas de saudade doída!
E o tempo que para
-demorada parada no tempo!-
interrompe o ritmo doce da vida,
e quente harmonia da união
projetos e alegrias.

Distância,
um “nós” dividido,
um bloco partido,
mesmo que por instantes partido.
Mas como são longos
os instantes do “nós” dividido!

Distância
é nostálgica espera
do “eu” distante, tão longe,
a imagem do “tu” tão distante,
hetérea imagem
que foge dos olhos
e volta
e tange as cordas sonoras do coração,
em ritmo de saudade.

Terminará a espera
e as nuvens da noite
deixarão, ao céu estrelado, lugar;
pensadas serão as feridas
e os silêncios, sonoros.

Que voe este tempo!
Que me leve em suas asas, fora do tempo!
Que me leve no espaço que eu quero!
Um dia terminará a noite,
quando de novo oferecer-me-ás teus olhos,
portas abertas de teus secretos mistérios,
e tu, suavemente,
penetrará nos segredos
de minha alma em festa.

Pierino Orlandini, OCD





Beleza infinita


Pierino Orlandini, OCD


Ó BELEZA Infinita,
sempre clara e sempre viva,
sem limites, nem circunscrita,
sempre antiga e sempre nova,
sempre outra!
Ultrapasso os espaços
ao sopro do Vento,

voando
nas asas do Espírito,
transpondo limites.
Esta Imensa Beleza,
cativante Beleza sem fim, cria em mim asas:
Invisíveis, misteriosas asas...
que quebram barreiras,
rasgam os medos,
sem calcular precipícios,
num vôo livre e audacioso e impossível.
Mas nada é impossível!...-
E, assim, a Eternidade faz-se presente no tempo,
no espaço tão angusto, tão breve da história
do ser tão limitado!
“Olhos ao Alto e voe ! E, do Alto, perscrute!”
- eu sinto, eu escuto -.
Embaixo,
além e fora de si,
os homens circulam, caminham, labutam...
em busca do Outro.
E o Outro, absolutamente Outro,
Majestade Infinita, o Altíssimo,
“Deus-Conosco”, feito carne, -quem diria?-
vive nos outros: pequenos, carentes,
famintos, sedentos, abandonados, desfigurados,
deixados à margem, deixados de lado, jogados...
e nos outros se esconde.
Assim, simplesmente, misteriosamente,
como no Sacramento,
Cristo vivo neles se torna presente.
Neles – ó difícil Beleza escondida e presente de sempre!
- está o precipício que é preciso transpor.
Só é possível esse vôo,
vôo livre, voando,
carregados pelas asas do Amor.


“Existir hoje é deixar-se guiar pela Beleza, mesmo quando o guiará na orla do precipício e, embora ela tenha asas e você não e ela ultrapassará o precipício ,siga-a, porque onde não existe Beleza, nada existe” (Kahlil Gibran)

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

APOSTILA COM O MATERIAL DAS PALESTRAS DO CONGRESSO INTERPROVINCIAL SOBRE SÃO JOSÉ

 


Clique na imagem para acessar à apostila

Mensagem de aniversário para Frei Alzinir




Parabéns frei Alzinir!!!

Agradecemos ao Bom Deus pelo dom precioso da sua vida e por nos permitir participar, em especial pela OCDS, da sua missão realizada com extrema dedicação. Agradecemos pelo seu trabalho incansável onde quer que esteja, no Brasil ou na Itália, em Israel, na África, na Europa ou na América, pois sempre nos ensina que o que nos torna um em Cristo é o amor a Deus.

Celebramos com grande alegria e gratidão o seu aniversário, pedindo à Sagrada Família que lhe conceda muitas bênçãos.

domingo, 7 de novembro de 2021

MEMÓRIA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE – 08 de novembro de 2021.

 


“Harmonia perfeita entre oração e vida”

 “Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles”. (HOMILIA DO PAPA FRANCISCO, 16 de outubro de 2016)

Santa Elisabete da Trindade, considerada a “santa do silêncio”, já aos 15 anos sonhava, em suas poesias, com solidão, em companhia de seu Cristo: “Viver contigo, solitária”. (cf. Poesias, agosto de 1896). Aos 19 anos anota no diário: “Brevemente serei toda Tua, viverei na solidão, só contigo, só me ocupando de Ti, vivendo apenas de Ti, conversando unicamente contigo”. (Diário.  27 de março de 1899).  Sua maior felicidade no verão, quando estava no campo, era retirar-se para os bosques solitários. Desde a entrada, a solidão carmelitana encantou-a: “Só com o Só”, eis toda a vida do Carmelo. Em Carta escrita à Sra. Angeles a 29 de setembro de 1902, dirá: “A Carmelita é uma eremita contemplativa, cuja pátria é o deserto de Carith e o abrigo, a cavidade do rochedo. Não é que esqueça as almas que se perdem — foi o espetáculo dos estragos causados pela heresia luterana que determinou Santa Teresa a fundar sua reforma — mas, o testemunho que ela deve dar a Deus é o da anacoreta cujo olhar permanece fixo n’Ele, só esquecida de tudo mais. Atestado silencioso, mas quão comovente, de que só a Beleza divina merece a atenção duma alma elevada pela graça até o consortium da vida trinitária. Só Deus basta. Sua ação apostólica é a da oração que obtém tudo. Uma só alma que se eleva até a união transformante é mais útil à Igreja e ao mundo do que uma multidão de outras que se agitam na ação”.

Santa Elisabete da Trindade é uma verdadeira mestra e guia na vida de oração, sua espiritualidade é um convite a que nas nossas vidas encontremos um espaço e um tempo para estar a sós com Deus. É preciso parar, fazer silêncio, escutar e responder a Deus que continuamente se revela. A atitude de fé implica necessariamente um escutar e um responder à revelação de Deus e só na medida em que na vida quotidiana assumimos esta posição é que vivemos plenamente, pois o homem foi criado para viver em comunhão com Deus. A oração para Isabel é porta da intimidade com Deus, mas também o ponto de encontro com todos os que ama, mesmo que se encontrem distantes e a sua forma de apostolado por excelência. Para ela oração e vida identificam-se completamente. Há uma harmonia perfeita entre oração e vida, e a vida é por si só motivo suficiente para rezar ao Criador. Por outro lado, rezar é viver, pois é a oração que lhe permite ter acesso à intimidade com Deus que é a Vida. Ela ama a Deus e vê Deus em tudo e em todos, através de tudo e de todos. As montanhas, o mar, a natureza em geral, a música, tudo lhe fala de Deus e tudo é motivo para ela orar. “A natureza conduz a Deus. Entusiasmavam-me tanto essas montanhas! Elas me falavam d’Ele”. (C 87)

No Carmelo, onde tudo está orientado para possibilitar esta vida de oração, Elisabete encontra o espaço ideal para a sua sede de Deus. Mas a sua oração no Carmelo não se limita apenas às horas dedicadas à oração e à participação na recitação do Ofício Divino. “Amo-O apaixonadamente e tudo possuo n’Ele, contemplo as coisas e realizo tudo sob a sua irradiação divina”. (C 128) A sua vocação contemplativa significa que a sua vida está orientada para Deus. Não está afastada da realidade da vida, mas todas as atividades – trabalho, convívio, amizade, estudo, descanso – são realizadas com a presença da oração. Ela ama e por isso em tudo o que faz está refletido o seu amor e a oração é a concretização desse amor. Vida e oração caminham juntas tornando-se numa só, pois a oração para ela é um estado de vida. Ela vive orando e ora vivendo. “Mestre, que a minha vida seja uma contínua oração. Que nada, realmente nada, me possa distrair de Ti, nem as minhas ocupações, nem os prazeres, nem o sofrimento. Que eu me abisme em Ti, que tudo faça sob o Teu olhar. Mestre, toma-me, toma-me inteiramente.” (D 156). Ela lê, medita, acolhe, reza e vive a Palavra de Deus. É na Bíblia que ela busca o alimento para a sua vida espiritual e para a sua oração. É na leitura meditada e rezada da Palavra de Deus que santa Elisabete da Trindade descobre a sua vocação de “louvor de glória”. Este aspecto foi salientado pelo Papa João Paulo II na sua homilia da missa da beatificação de Isabel. “À nossa humanidade desorientada que já não sabe encontrar Deus ou que O desfigura, [...] Isabel dá o testemunho de uma abertura perfeita à Palavra de Deus que ela assimilou a ponto de alimentar verdadeiramente a sua reflexão e a sua oração, a ponto de encontrar nela todas as razões de viver, e de se consagrar ao louvor da sua glória”. (Homilia de João Paulo II por ocasião da beatificação de Isabel da Trindade em 24.11.1984) Sua oração é necessariamente uma oração trinitária, sente-se habitada pela Trindade. Ela sabe que não está só, mas que a sua alma abriga um Hóspede Divino, vê-se claramente na sua oração “Elevação à Santíssima Trindade”, oração essa toda dedicada à Trindade Santa e que constitui uma pérola da mística cristã.

Com seu coração ferido pelo infinito, santa Elisabete viveu o grande silêncio no exílio do Carmelo. Na Trindade mergulhada viu se entreabir a imutável beleza de Cristo. Suas experiências interiores e exteriores se traduziram em dois elementos fundamentais que constituem a essência de toda santidade: o desapego de si mesmo e a união com Deus. Elementos estes que se encontram, de maneiras diferentes, na vida de todos os santos, e que podem nos levar ao crescimento na intimidade com Deus, e nos conduzir à santidade. Façamos de sua poesia nossa meditação, nos colocando sob sua intercessão.

O Coração ferido pelo infinito (1902)

“Não se pode dar uma grande prova de amor

Senão dando a vida por Aquele que se ama…

Não percebes o grande silencio,

O hino de amor que se canta lá no alto?

Irmã, esqueçamos o exílio e o sofrimento

E que nossos corações saúdem este dia tão belo!

Não vês o esplendor esterno,

A Trindade que se debruça sobre nós?

 

O Céu se entreabre: escuta… chamam-nos…

Recolhamo-nos, minha Irmã, eis o Esposo!

Não Vês a nuvem luminosa

Que até nós projeta sua claridade?

Ah, permaneçamos lá completamente silenciosas,

Fixando a Imutável beleza!

De nosso Cristo o olhar se clarifica

Ao imprimir a pureza de Deus.

 

Irmã, permaneçamos, para que Ele nos deifique,

A alma em sua alma e os olhos em seus olhos.

Ele vem, Ele próprio, diante das virgens

Para lhes dar o inefável beijo.

Ele passa aqui, Sua sombra nos protege.

Olhemo-lO para nos virginizar.

Ele é tão belo, o Cristo, Esplendor do Pai,

Iluminado pela Divindade,

Ele é, Ele próprio, uma fogueira de luz

Envolvendo os seus em Sua Claridade.

 

Amemos minha irmã, e que tudo desapareça.

A alma amando se identifica a seu Deus.

Não esperemos que sua glória apareça

Para contemplar como os bem-aventurados!

Ele está em nós, nós temo-lo por sua graça,

E como no Céu já O adoramos!

Mas logo ao contemplar Sua Face,

Seu Nome divino brilhará sobre nossas frontes!

 

Quando, então, será o fim da espera?

Quando poderemos, enfim, nos imolar?

Esperando, sejamos totalmente adorantes,

Porque nosso Cordeiro quer nos purificar.

Não percebes a paixão suprema

De dar ao Cristo um pouco de seu amor?

Eu quero morrer, para Lhe dizer: “Eu te amo,

E como tu, eu me entrego neste dia!”

 

Santa Teresa no Céu deve-nos sorrir

Porque ela também quis fugir um dia.

Deus reservou-lhe outro martírio,

Ela morreu Vítima do Amor!

Oh! Como é belo o martírio das virgens

Aquele dos corações feridos pelo Infinito,

Tormento divino em que o amor é a espada!

Dardo inflamado transpassa-nos também!

 

Santa Elisabete da Trindade,

Rogai por nós!

 

Estela da Paz, OCDS.

(Comunidade São José, Petrópolis/RJ).

Comissão de Espiritualidade

 

Referência:

TRINDADE, Elisabete. Obras Completas. Ed. Vozes, 1993.

PHILIPON, M. M. A Doutrina Espiritual da Irmã Elisabeth da Trindade. Livraria Agir, 1957.

 

 

9º DIA NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE

 



NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE - 2021

(Meditando com algumas de suas cartas)

Tema: “Sou Elisabete da Trindade. Quer dizer, 

Elisabete que desaparece, se perde, se deixa invadir pelos Três”.

(Carta 148)

 

 

ORAÇÃO INICIAL (Todos os dias):

Pai-Nosso.

Ave-Maria.

Vinde, Espírito Santo.

Glória ao Pai...

 

Intenções: (...)

Oração:

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para o Vosso louvor e glória infinita. Amém.

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

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9º Dia – 07/11/2021.

Tema: Transformados em Cristo.

 

"Jesus é o Senhor... possui um sacerdócio eterno. É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor". (Hb 7,22.24-25)

 

Doutrina Carmelita: 

 

Com João da Cruz interpretou existencialmente o Evangelho do Cristo ocupado nas «coisas do Pai» (Lc 2, 49), “só a pisar o vinho” (Is 63,3) da nossa redenção, como afetividade e efetividade amorosa. «É verdade evidente que “a compaixão dos próximos tanto mais cresce quanto mais a alma se junta com Deus por amor”; porque quanto mais ama, tanto mais deseja que esse mesmo Deus seja de todos amado e honrado. E quanto mais o deseja, tanto mais trabalha por isso, quer na oração, quer em todos os outros exercícios necessários e possíveis. E é tanto o fervor e a força da sua caridade, que os possuídos por Deus não se podem limitar nem contentar apenas com o seu próprio ganho; antes, parecendo-lhes pouco ir sós ao céu, procuram, com ânsias, afetos celestiais e diálogos espirituais, levar muitos consigo ao céu. Isto nasce do grande amor que têm ao seu Deus e é fruto e efeito próprio da perfeita oração e contemplação» (Ditos 10).

 

 

Meditando com Santa Elisabete da Trindade:

 

“Contemplemos o Crucificado 

... procuremos assemelhar-nos a esta imagem divina”.

 

Irmã Elisabete da Trindade escrevendo à sua querida Germaninha da Trindade (Germana de Gemeaux), fala a respeito da espera do Esposo e a transformação em Jesus Crucificado, sobre a alegria da dor. E dá conselhos para combater o desânimo: “Querida irmãzinha Germana, oxalá soubesse que dias divinos está passando sua amiga do Carmelo! Dia após dia minhas forças vão definhando, e já sinto que o divino Mestre não tardará muito em vir buscar-me. Estou usufruindo e experimentando novas alegrias. Minha Germaninha, como é doce e suave a alegria da dor!... Antes de morrer, sonho em ser transformada em Jesus Crucificado e isto me dá tanta força para prosseguir no sofrimento. Irmãzinha, não deveríamos ter outro ideal senão assemelhar-nos ao nosso divino modelo. Se tivéssemos os olhos da alma sempre fixos nele, com que ímpeto nos lançaríamos ao sacrifício, ao desprezo de nós mesmas! Ao falar do divino Mestre, uma santa assim se exprimia: “Onde morava ele senão na dor?”. Na realidade, o sofrimento foi a sua morada nos trinta e três anos que passou na terra. E só aos seus privilegiados concede ele a graça de compartilhar a dor. Quisera que visse a inefável felicidade que minha alma experimenta quando penso que o Pai me predestinou para ser conforme ao seu Filho Crucificado (Rm 8,29). É São Paulo quem nos comunica esta eleição divina que parece ser minha herança!... Querida irmãzinha da minha alma, à luz da eternidade, o Senhor me fez compreender muitas coisas e venho dizer a você, como se fosse da parte dele, que não tenho medo do sacrifício, da luta, mas que, pelo contrário, deve alegrar-se com tudo isso. Se sua natureza é motivo de tentação, um campo de batalha, não desanime, não se entristeça. Atrevo-me, até, a dizer-lhe: ame a sua miséria, porque sobre ela Deus exercita a sua misericórdia. Quando a contemplação dessa miséria lhe causa tristeza e a obriga a voltar-se sobre si mesma, pense que tudo isto não é senão amor-próprio. Durante suas horas de desalento, procure apoio na oração do divino Mestre. Sim, irmãzinha, quando estava cravado na cruz ele via você, rezava por você, e essa oração continua sendo eternamente viva e presente diante de seu Pai (cf. Hb 7,25). É ela que a salvará de suas misérias. Quanto mais sentir sua fragilidade, mais deve crescer sua confiança, pois ele é a sua única garantia. Não creia que por isso ele deixará de elegê-la. Seria uma grande tentação... Coragem. Contemplemos o Crucificado e procuremos assemelhar-nos a esta imagem divina...”. (Carta 275. Outubro de 1906)

 

Propósito pessoal:

Oração Final: ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE.

 

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ORAÇÃO FINAL (Todos os dias):

 

ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

TRINDADE QUE ADORO

 

Rezemos esta oração que foi composta por Santa Elisabete da Trindade, em 21 de novembro de 1904, que é sem dúvida uma das mais belas e profundas orações dedicadas à Santíssima Trindade, sendo uma espécie de síntese de sua vida espiritual.


“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivera na eternidade; que nada me possa perturbar a paz nem arrancar-me de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me transporte mais profundamente em Vosso Mistério!

Pacificai minha alma; fazei dela o Vosso Céu, Vossa morada querida e o lugar de Vosso repouso; que eu não Vos deixe jamais só; mas fique toda inteira Convosco, toda atenta em minha fé, em atitude de adoração e entregue inteiramente a Vossa ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quanto desejaria ser uma esposa para Vosso coração; quanto desejaria cobrir-Vos de glória, quanto desejaria amar-Vos... Até morrer!... Mas sinto minha impotência e, por isso, peço-Vos revesti-me de Vós mesmo, identificai minha alma com todos os movimentos da Vossa. Submergi-me, penetrai-me, substitui-Vos a mim, a fim de que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser inteiramente dócil, para aprender tudo de Vós; e depois, através de todas as noites, de todos os vácuos, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fitos em Vós e ficar sob Vossa grande Luz. Ó meu Astro querido, fascinai-me a fim de que eu não possa mais sair dos Vossos raios.
Ó fogo devorador, Espírito de Amor, vinde a mim para que em mim se opere uma como encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove o seu Mistério.

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre vossa pobre criatura, cobri-a com Vossa sombra, vede nela somente o Vosso Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade em que me perco, eu me entrego a Vós qual uma presa, sepultai-Vos em mim, para que eu me sepulte em Vós, na esperança de ir contemplar em Vossa Luz o abismo de Vossa grandeza.”

 

Glória ao Pai... Amém.

Salve-Regina.

 

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

 

Estela da Paz, OCDS.

(Comunidade São José, Petrópolis/RJ).

Comissão de Espiritualidade

 

Referência:

TRINDADE, Elisabete. Obras Completas. Ed. Vozes, 1993.

PHILIPON, M. M. A Doutrina Espiritual da Irmã Elisabeth da Trindade. Livraria Agir, 1957.

REIS, Manuel Fernandes. Isabel da Trindade: Interioridade Teologal Unificada (I).

Catecismo da Igreja Católica.

 

sábado, 6 de novembro de 2021

8º DIA NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE

 



NOVENA DE SANTA ELISABETE DA TRINDADE - 2021

(Meditando com algumas de suas cartas)

Tema: “Sou Elisabete da Trindade. Quer dizer, 

Elisabete que desaparece, se perde, se deixa invadir pelos Três”.

(Carta 148)

 

 

ORAÇÃO INICIAL (Todos os dias):

Pai-Nosso.

Ave-Maria.

Vinde, Espírito Santo.

Glória ao Pai...

 

Intenções: (...)

Oração:

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para o Vosso louvor e glória infinita. Amém.

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

++++++++++++++++++++++++++++

 

8º Dia – 06/11/2021.

Tema: Enraizados na caridade de Cristo.

 

"Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém. Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja." (Jo 4,21.23)

 

Doutrina Carmelita:

 

Sabemos, porém, que foi na tradição mais viva da nossa cultura cristã, que Isabel assentou o equilíbrio do seu pensamento e a harmonia da sua vida. Com Teresa de Jesus, leu e viveu o Evangelho de “Marta e Maria sempre juntas para hospedar o Senhor” (Mt 10, 38-39), como caminho seguido por todos os santos. «Isto quero eu, minhas irmãs, que procuremos alcançar, e não para gozar, mas para ter estas forças para servir; desejemos e ocupemo-nos na oração; não queiramos ir por caminho não andado, que nos perderemos na melhor altura; e seria caminho bem novo pensar ter estas mercês de Deus por outro que o que foi Ele e foram todos os seus santos; não nos passe por pensamento; crêde-me que Marta e Maria hão-de andar juntas para hospedar o Senhor, e tê-lo sempre consigo, e não lhe dar mais hospedagem, não lhe dando de comer. Como lha daria Maria, sentada sempre a seus pés, se sua irmã não a ajudasse? O seu manjar é que de todas as maneiras que pudermos ganhemos almas para que se salvem e sempre o louvem» (7M 4, 14).

 

Meditando com Santa Elisabete da Trindade:

 

“Ele mora em nosso interior”.


Irmã Elisabete da Trindade escrevendo à sua querida Germaninha da Trindade (Germana de Gemeaux), fala a respeito da Consagração à Santíssima Trindade, enraizados na caridade de Cristo, como São Paulo, na prática da Infância espiritual, como Santa Teresinha*, vivendo o apostolado de Carmelita, como Santa Madre Teresa, crendo que Ele mora em nosso interior e exige de nós absoluta fidelidade. Dirá: “Se você soubesse quanto rezei por você no dia dos seus quinze anos... Também lhe ofereci a Sagrada Comunhão. Depois a consagrei à Santíssima Trindade. Creio que foi uma consagração mais verdadeira, mais total que aquela do ano passado. Sim, minha irmãzinha, você já pertence totalmente a Ele. É propriedade de Deus. Oh! Entregue-se a ele, ao seu Amor... Os santos são almas que se esquecem de si, que desaparecem de tal modo naquele que amam, que nem se preocupam com sua própria pessoa, nem se interessam pelas criaturas, a ponto de poderem dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim”(Gl 2, 20). Para conseguir essa transformação, sem dúvida é preciso imolar-se. Mas você ama o sacrifício, minha irmãzinha, porque ama o divino Crucificado. Oh! Contemple-o bem. Apóie-se nele. Ofereça-lhe a sua alma. Diga-lhe que só quer amá-lo, que ele realize tudo em você porque é muito fraca. É tão doce ser um filho pequeno de Deus, deixar-se sempre conduzir por ele e descansar no seu amor... Peçamos intensamente a Irmã Teresa do Menino Jesus esta graça da simplicidade e do abandono... Quando renovo os meus santos votos, esses votos que me constituem prisioneira de Cristo segundo a linguagem de São Paulo (Ef 6,20), agrada-me unir o seu nome ao meu e consagrar-nos juntas. Dar-se! Porventura não é esta, também, a necessidade de sua alma, minha irmãzinha? Oh! É a resposta a seu amor. Demos-lhe também almas. A nossa Santa Madre Teresa quer que suas filhas sejam apóstolas. É tão simples! O divino Adorador habita em nós. A sua oração é também a nossa. Ofereçamo-la. Vivamos em comunhão com ela. Oremos com a sua alma!” (Carta 151. 14 de setembro de 1903)

 

* Irmã Elisabete conheceu os escritos de Teresinha do Menino Jesus. A História de um a alma se publicou em outubro de 1898, um ano após a morte de Santa Teresinha e se enviou a todos os conventos das Carmelitas da França.

 

Propósito pessoal:

Oração Final: ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE.

 

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ORAÇÃO FINAL (Todos os dias):

 

ELEVAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE

TRINDADE QUE ADORO

 

Rezemos esta oração que foi composta por Santa Elisabete da Trindade, em 21 de novembro de 1904, que é sem dúvida uma das mais belas e profundas orações dedicadas à Santíssima Trindade, sendo uma espécie de síntese de sua vida espiritual.


“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivera na eternidade; que nada me possa perturbar a paz nem arrancar-me de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me transporte mais profundamente em Vosso Mistério!

Pacificai minha alma; fazei dela o Vosso Céu, Vossa morada querida e o lugar de Vosso repouso; que eu não Vos deixe jamais só; mas fique toda inteira Convosco, toda atenta em minha fé, em atitude de adoração e entregue inteiramente a Vossa ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quanto desejaria ser uma esposa para Vosso coração; quanto desejaria cobrir-Vos de glória, quanto desejaria amar-Vos... Até morrer!... Mas sinto minha impotência e, por isso, peço-Vos revesti-me de Vós mesmo, identificai minha alma com todos os movimentos da Vossa. Submergi-me, penetrai-me, substitui-Vos a mim, a fim de que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser inteiramente dócil, para aprender tudo de Vós; e depois, através de todas as noites, de todos os vácuos, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fitos em Vós e ficar sob Vossa grande Luz. Ó meu Astro querido, fascinai-me a fim de que eu não possa mais sair dos Vossos raios.
Ó fogo devorador, Espírito de Amor, vinde a mim para que em mim se opere uma como encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove o seu Mistério.

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre vossa pobre criatura, cobri-a com Vossa sombra, vede nela somente o Vosso Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade em que me perco, eu me entrego a Vós qual uma presa, sepultai-Vos em mim, para que eu me sepulte em Vós, na esperança de ir contemplar em Vossa Luz o abismo de Vossa grandeza.”

 

Glória ao Pai... Amém.

Salve-Regina.

 

SANTA ELISABETE DA TRINDADE,

rogai por nós!

 

 

Estela da Paz, OCDS.

(Comunidade São José, Petrópolis/RJ).

Comissão de Espiritualidade

 


Referência:

TRINDADE, Elisabete. Obras Completas. Ed. Vozes, 1993.

PHILIPON, M. M. A Doutrina Espiritual da Irmã Elisabeth da Trindade. Livraria Agir, 1957.

REIS, Manuel Fernandes. Isabel da Trindade: Interioridade Teologal Unificada (I).

Catecismo da Igreja Católica.

 

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